quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

TORCIDA GANHA FORÇA POLÍTICA A CADA ELEIÇÃO


ZERO HORA 12 de dezembro de 2013 | N° 17642


VERBA DA TORCIDA


Nunca uma torcida organizada foi tão influente no Estado como a Geral do Grêmio. Capaz de decidir votações no Conselho Deliberativo, o crescimento político da Geral desperta cada vez mais interesse entre postulantes à presidência do clube.

Os dois principais líderes da torcida, Alemão e Bruno Cabeludo, se elegeram conselheiros do Grêmio em setembro – outros 13 membros da organizada também têm cadeira no colegiado. Eles formam o Movimento Grêmio da Torcida (MGT), idealizado por expoentes da Geral que buscam poder de decisão dentro do clube. No último pleito, o grupo definiu a votação para a presidência do Conselho: Milton Camargo só venceu César Pacheco por 13 votos graças ao apoio do MGT.

Atual presidente do Grêmio, Fábio Koff sofreu oposição contumaz da organizada ao se candidatar ao cargo, no fim do ano passado, quando a torcida fez campanha pela reeleição de Paulo Odone. Em 14 de outubro de 2012, antes de um jogo contra o Botafogo, integrantes da Geral impediram que Koff circulasse pelo pátio do Olímpico para interagir com eleitores.

Líderes da organizada contam que a estratégia era segurar o candidato no pórtico de acesso ao estádio, onde provocaram uma troca de socos com apoiadores do futuro presidente. Seis dias depois, na véspera da eleição, cartazes ofensivos contra Koff espalhados pelo entorno do Olímpico acirraram o clima. Bastou o novo presidente assumir para os subsídios repassados à Geral nos tempos de Odone serem cortados.

– Não usamos dinheiro do caixa do Grêmio. Em algumas ocasiões, aproximamos as organizadas de patrocinadores que oferecem ônibus em troca de banners nos veículos – diz o vice-presidente Nestor Hein.

Após trégua, grupos voltaram a se enfrentar

Esse mergulho na política do clube contribuiu para a Geral rachar em dois grupos. Enquanto Alemão se dedicava desde 2005 a uma campanha interna para integrantes da organizada se associarem ao Grêmio – e, dessa forma, fortalecer o grupo votante nas eleições –, o número 2 da torcida, Cristiano Roballo Brum, o Zóio, não queria saber de política e continuava reivindicando ingressos gratuitos da direção.

– A nossa rapaziada, liderada pelo Alemão, nem precisava mais dos ingressos porque a maioria já era sócia. E os nossos conselheiros começaram a enfrentar dificuldades dentro do clube. “Vocês já ganham pilhas de ingressos e vêm reivindicar mais coisas no Conselho?”, diziam. Só que a turma do Zóio, que é um pessoal mais pobre, de vila, não queria pagar mensalidade, queria viver dos ingressos para sempre – conta um membro da Geral.

O ápice da desavença eclodiu na inauguração da Arena, em 8 de dezembro de 2012, quando Zóio comandou uma pancadaria na arquibancada. Em janeiro deste ano, ele invadiu a casa de Alemão – e, três semanas depois, os dois grupos se enfrentaram no entorno do Olímpico, em uma selvageria que terminou com 31 torcedores proibidos de frequentar estádios.

Embora Zóio esteja afastado da organizada, as duas alas da Geral seguem promovendo tumultos. Na noite de 6 de novembro, antes de Grêmio x Atlético-PR, dezenas de torcedores entraram em confronto e destruíram, com garrafadas e pedradas, parte da fachada do Bar Preliminar, onde se reuniam os aliados de Zóio. Uma funcionária do estabelecimento, na época grávida de oito meses, passou mal:

– Quebraram tudo. Eu fiquei em estado de choque, minha pressão baixou muito. E ouvi os caras comentando que aquilo era só o começo.



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