segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

BARBÁRIE

ZERO HORA 09 de dezembro de 2013 | N° 17639


BRIGA SEM A PM


Cenas de vandalismo e de violência brutal mancharam a imagem do país-sede da Copa do Mundo de 2014.

Torcedores do Atlético-PR e do Vasco se enfrentaram na tarde de ontem nas arquibancadas da Arena Joinville (SC), e quatro deles ficaram feridos. Jovens eram pisoteados e linchados por rivais. Outros, já desacordados, recebiam chutes no rosto e por todo o corpo. Houve também quem aplicasse, com barras de ferro, golpes em pessoas já caídas e sem condições de se defender. Não havia policiais militares na arquibancada. A segurança no local estava a cargo de cem agentes privados contratados pelo Atlético.

Por pouco, não houve uma tragédia. O confronto teve início aos 17 minutos do jogo vencido pelo time paranaense por 5 a 1, o que rebaixou o Vasco à Serie B. Em determinado momento, havia focos isolados de agressões, quando um torcedor do outro clube era capturado. Iniciava-se, assim, uma sessão de linchamento, transmitida ao vivo pela TV.

A partida ficou interrompida por mais de uma hora. O auge da confusão durou quase 10 minutos, até a intervenção de policiais militares. Em meio ao conflito, podia-se ver pais abraçando filhos pequenos, crianças, em busca de abrigo, de um local longe do alvo de policiais e dos agressores. Um helicóptero pousou no gramado para socorrer um torcedor que parecia inconsciente.

Os quatro atendidos no Hospital São José, em Joinville, foram William Batista, de 19 anos, com traumatismo craniano, Estevão Viana, de 24, com múltiplas lesões, Diogo Cordeiro, com corte no rosto, e Gabriel Ferreira Vitael, com hematomas. Nenhum corria risco de vida.

O jogo se deu em Joinville por causa da perda de dois mandos de campo do Atlético-PR, em razão de distúrbios provocados por sua torcida no clássico disputado contra o Coritiba em 6 de outubro.

PM diz que não havia policiamento porque jogo era “evento privado”

Tão logo as cenas de selvageria ganharam o noticiário mundial, começou o jogo de empurra sobre a responsabilidade pela segurança no estádio.

Comandante do 8º Batalhão da Polícia Militar de Joinville, o tenente-coronel Adilson Moreira afirmou que a falta de policiamento no interior do estádio foi motivada por um “entendimento” de que a corporação só deve fazer vigiar o lado externo da Arena por se tratar de “um evento privado”

– É uma questão de entendimento tanto do Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) quanto da Polícia Militar de Joinville. É um evento privado, e a Polícia Militar tem que fazer seu policiamento na área externa – afirmou o tenente-coronel, que, depois da briga, mobilizou a polícia e reforçou o efetivo dentro do estádio para permitir a continuação do jogo.

Por meio de nota, o MP refutou a declaração do tenente-coronel Adilson Moreira, afirmando “que não fez nenhuma recomendação ou ação que impeça a Polícia Militar de atuar no interior do estádio Arena”.

Segundo o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o Atlético-PR deve ser punido pela confusão.




DIOGO OLIVIER

Basta de impunidade


Fim lamentável de campeonato. As cenas dos jovens – todos os hospitalizados têm menos de 30 anos – se espancando sem motivo nas arquibancadas em Joinville correram o mundo. No ano que vem, tem Copa do Mundo no Brasil. Lamúrias pelas cenas repetidas não adiantam mais. O que fazer, então? Pegar o gancho do Mundial em casa e dar uma resposta definitiva. Os envolvidos – as imagens são claras – na baderna têm de ser impedidos de frequentar estádios.

Os clubes, Vasco e Atlético-PR, igualmente merecem punição sem dó, nem piedade. O único jeito de barrar essas imbecilidades é colocando pressão nos clubes que, muitas vezes, se beneficiam da impunidade para tolerar e até financiar seus barra-bravas. A impunidade é o combustível de cenas de barbárie como as que vimos ontem antes de o Vasco levar 5 a 1 do Atlético-PR e sacramentar a sua queda ao lado do Fluminense, dois grandes que morreram abraçados no lodo da Série B.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Analise a conclusão da matéria onde a solução encontrada pelo STJD foi a punição do Clube.  Apesar de ser um tribunal desportivo, o STJD deveria ir além e incitar ao Tribunal de Justiça a adoção ágil e imediata das providências contra os bandidos que atuam infiltrados nas torcidas organizadas, ao invés de lavar as mãos e se limitar a punir clubes. Há muito tempo esta mesma medida vem sendo tomada sem qualquer eficácia para conter o holiganismo no futebol brasileiro. Pelo contrário, aumentou com a sensação de impunidade. Vamos buscar a experiência dos países que passaram pelo mesmo e encontraram a solução na justiça criminal e cívil.

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