domingo, 8 de dezembro de 2013

FUTEBOL E TORCEDORES EM COMA

O Estado de S. Paulo, 08 de dezembro de 2013 | 17h 37

Torcedores de Atlético-PR e Vasco brigam e fazem jogo parar em Joinville. Juiz decide interromper a partida. Um Helicóptero pousa no estádio para socorrer vítimas, algumas em coma


SÃO PAULO - As torcidas de Atlético-PR e Vasco fizeram neste domingo o jogo parar. A violência dos dois lados deixou feridos nas arquibancadas da Arena Joinville. Os atleticanos invadiram espaço reservado aos vascaínos, encurralando os rivais num canto do estádio. Não havia policiamento na parte de dentro do campo por deteminação das leis locais. O sargento Adilson Morena, da Polícia Militar, disse que quem faz a segurança interna nos estádios de Joinville é o time mandante, no caso deveria ser o Atlético-PR.

Havia, segundo ele, 120 policiais na parte externa do estádio, e 80 contratados para as áreas internas. O que se viu foi uma das piores brigas de torcida dos últimos tempos.

As imagens chocam. A confusão na arquibancada foi rápida e violenta. Depois que os vascainos apanharam dos atleticanos que resolveram invadir o espaço do adversário, um grupo de torcedores do time do Rio conseguiu pegar dois atleticanos e não parou de bater nos rapazes, que também estavam envolvidos na briga, até que o policiamento chegou 'atirando' com balas de efeito moral e assim conseguiu frear as agressões. Eram pontapés, socos, chutes e pauladas. Havia mulheres no local reservado aos vascaínos.

Houve corre-corre. Muita confusão. As imagens da SporTV, que transmitia o jogo ao vivo, mostravam um torcedor com a camisa do Atlético-PR esticado no chão, de pescoço mole e sem se mexer. Havia outros. As torcidas se enfrentaram por cerca de cinco minutos, tempo suficiente para deixar um rastro de destruição. O jogo estava no mínuto 17. Pelo menos um torcedor do Atlético-PR permaneceu desacordado. Quatro foram levados para hospitais.

ESTADO DE COMA

Dirigentes do Vasco informaram que torcedores do clube também foram levados ao hospital São José em estado "gravíssimos". Correu a informação que um vascaíno morreu após levar pauladas na cabeça. Autoridades do jogo e do hospital não confirmaram o óbito até 18h30. A Polícia informou inicialmente que apenas dois torcedores haviam sido levados para o hospital São José. Eles estavam bastante machucados. Um helicóptero teve de descer no campo para prestar atendimento médico. Carregou um torcedor. "As cenas que vi na arquibancada nunca havia visto antes no futebol", disse o técnico do Atlético-PR, Vágner Mancini.

Da mesma forma, Adílson Baptista, comandante do Vasco, parecia incrédulo e estarrecido com o enfrentamento e brutalidade das torcidas. "É triste e lamentavel. Às vésperas da Copa do Mundo você vê cenas como essas, com torcedores sendo agredidos e se agredindo. Estou chocado. O mundo está vendo isso. Houve muita confusão e acho até que tem gente morta (não há informações de vítimas). Isso não é esporte."

O juiz decidiu parar o jogo por 30 minutos inicialmente, que depois foi retomado. Não havia clima para a continuidade da partida. Dirigentes do Vasco queriam deixar o estádio. Os jogadores do Vasco também se disseram amedrontados com o que o torcedor do seu próprio time poderá fazer caso se confirme o rebaixamento para a Segunda Divisão.

MINISTÉRIO PÚBLICO

O jogo ainda estava no começo, com vitória parcial do Atlético-PR por 1 a 0, quando começou a correria na arquibancada. Alguns torcedores do time paranaense partiram para cima dos vascaínos, que resolveram enfrentar os rivais. Diante das cenas de selvageria, a partida foi interrompida, com jogadores assustados com a violência. Eles tentaram pedir o fim da briga. Não foram ouvidos. Por decisão que teria envolvido a PM, o Ministério Público e o Atlético-PR, não havia policiamento dentro do estádio. Os policiais ficaram do lado de fora da Arena Joinville, enquanto a segurança interna era privada. Depois que começou a briga, a PM resolveu intervir, controlando os ânimos e montando um cordão de isolamento.

O Atlético-PR é o mandante do jogo, mas foi obrigado a jogar em Joinville para cumprir punição que o impedia de atuar em Curitiba.

HOSPITAL

Representantes do Hospital São José, para onde os torcedores feridos foram levados, informam aos jornalistas que nenhum dos quatro homens correm mais risco de morte, embora dois deles ainda preocupam e estão em estado de observação. Não houve mortes, portanto. Um garoto de 19 anos, torcedor do Atlético, teve fratura no crânio. É quem mais preocupa os médicos. Estevam Viana, de 24 anos, teve ferimentos graves, mas passa bem. Ele também era torcedor do atleticano.

Os outros dois eram vascaínos. Diogo Cordeiro e Gabriel Ferreira tiveram cortes e hematomas pelo corpo, inclusive no rosto. Diego deve ser liberado do hospital ainda neste domingo. Gabriel terá de dormir no leito.

ATUALIZADA ÀS 19H30

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