segunda-feira, 25 de novembro de 2013

HOOLIGANS COLORADOS SÃO PROIBIDOS DE FREQUENTAR JOGOS DO INTER

ZERO HORA 25/11/2013 | 22h34

Colorados queriam atacar torcida do Coritiba que furtou celulares da Popular. No tumulto em Caxias do Sul, Brigada Militar chegou primeiro e foi recebida a pedradas


O soldado Osnei Dias Braz foi um dos quatro PMs feridos no entorno do Estádio CentenárioFoto: Wagner Carvalho dos Santos / Brigada Militar,Divulgação


Paulo Germano


Ao armar uma emboscada para a torcida do Coritiba, a ideia dos integrantes da Guarda Popular do Inter era se vingar de um ataque sofrido três meses antes na capital paranaense.

Mas o confronto acabou frustrado pela Brigada Militar, que chegou primeiro e foi recebida a pedradas e garrafadas. Resultado: 33 brigões proibidos pela Justiça de frequentar os jogos do Inter. Quatro PMs saíram feridos. Os coxas-brancas saíram ilesos.

O tumulto no entorno do Estádio Centenário, em Caxias do Sul, antes do empate sem gols contra o Coritiba, envolveu dezenas de torcedores do Inter e 14 PMs. A intenção dos colorados era atacar membros da Império Alviverde, torcida organizada paranaense que desembarcaria de ônibus na Rua Carlos Bianchini.

No dia 1º de setembro, quando o Inter enfrentou o Coritiba fora de casa, integrantes da Império invadiram um ônibus da Guarda Popular e furtaram mochilas e celulares. Na ocasião, os colorados já haviam entrado no Couto Pereira: os coxas-brancas precisaram apenas render o motorista do veículo.

— Eles começaram a enviar mensagens dos celulares furtados, dizendo que nós, da Popular, havíamos sido roubados. Chegaram a ligar para familiares falando que os donos dos celulares tinham morrido na viagem — conta um colorado, pedindo para não ser identificado.

No domingo, membros de outras organizadas do Inter juntaram-se à Popular para bater nos membros da Império Alviverde. Mas, quando o serviço de inteligência da Brigada Militar detectou a iminência do confronto, avisou os PMs que faziam a segurança do entorno. Os torcedores do Inter não aceitaram a reprimenda e partiram para cima.

ZH entrou em contato com o líder da Popular Leonardo Pereira, mas ele não quis se manifestar.


ENTREVISTA

"Foi uma chuva de pedras e garrafas"

Entrevista / Osnei Dias Braz, policial militar


Soldado do 12º Batalhão de Polícia Militar de Caxias do Sul, Osnei Dias Braz foi um dos quatro PMs feridos no confronto de domingo. Ele recebeu pelo rádio a informação de que um grupo de colorados se preparava para atacar torcedores do Coritiba antes da partida.

Zero Hora — Que cenário vocês encontraram ao chegar ao local?

Osnei Dias Braz — Nós éramos apenas três PMs montados (a cavalo) e deparamos com cerca de cem colorados avançando. Ordenamos que retornassem à área reservada à torcida do Inter, mas o resultado foi uma chuva de pedras, paus e garrafas contra nós. Partimos na direção deles, usando as espadas, e depois recuamos para chamar reforços. Eles continuaram avançando, cada vez mais armados, arremessando qualquer pedaço de calçada que encontravam.

ZH — E os reforços chegaram?

Osnei — Sim, vieram outros três policiais montados, além de oito PMs a pé — quatro deles com cães. Fizemos uso de força moderada, com as espadas, os cães e os bastões. Eles não baixavam a guarda. Foi o confronto mais acirrado que tivemos aqui (em Caxias) envolvendo jogos da dupla Gre-Nal. Os colorados se renderam quando um grupo de policiais veio por trás, e aí conseguimos encurralá-los.

ZH — Como eles foram rendidos?

Osnei — Ergueram as mãos, alguns se ajoelharam. Mas vários fugiram. Percebi que um caminhão e alguns carros estacionados na rua haviam sido atingidos por pedradas. Consegui identificar o rapaz que me acertou uma tijolada na perna — estava sem camisa e tinha a inscrição "1909" (ano de fundação do Inter) tatuada no tórax. Foi detido.

ZH — Que ferimentos você teve?

Osnei — Levei uma garrafada no braço direito, que sangrou muito na hora. No joelho esquerdo e na coxa direita, estou com hematomas de tijolaços. O animal em que eu estava montado, a égua Pandora, sofreu um ferimento acima do olho. Estou trabalhando normalmente, mas tenho dificuldade para dirigir e montar.


ZERO HORA 25/11/2013 | 15h19

Após tumulto em Caxias do Sul, Justiça proíbe 33 torcedores de frequentar jogos do Inter. Parte dos colorados deverá se apresentar à polícia nas próximas 10 partidas; o restante está afastado dos jogos por três meses

Paulo Germano



Entre os 35 detidos em um confronto entre colorados e PMs nos arredores do Estádio Centenário, em Caxias do Sul, 33 foram proibidos pela Justiça de frequentar jogos do Inter. Os outros dois são adolescentes e terão a situação analisada pelo Juizado da Infância e da Juventude.

Todos os impedidos de entrar nos estádios deverão se apresentar em postos policiais sempre que o Inter jogar no Rio Grande do Sul. Parte dos torcedores — 13 colorados que aceitaram a "transação penal", benefício que libera os infratores de responderem processos criminais desde que obedeçam a uma medida determinada pela Justiça — deverá cumprir esse procedimento por 10 partidas. Os 20 restantes, que rejeitaram a transação penal ou não tinham direito ao benefício, foram alvo de uma cautelar deferida pelo juiz Emerson Kaminski: deverão passar longe dos jogos do Inter por três meses.

— Havia gente de Santa Maria, Sapucaia, Esteio, Porto Alegre, Caxias do Sul, várias cidades. Portanto, todos os torcedores deverão se apresentar à polícia em seus municípios, nos dias de jogos, e permanecer no local durante a partida inteira. Eles vão receber atestados de comparecimento, que precisarão ser entregues ao Judiciário — explicou o promotor José Francisco Seabra Mendes Júnior, da Promotoria do Torcedor.

As fotos dos torcedores proibidos de frequentar partidas serão distribuídas para os batalhões da Brigada Militar responsáveis pela revista nos estádios em que o Inter jogar nos próximos meses.

Conforme a BM de Caxias, antes do empate em 0 a 0 entre Inter e Coritiba, na noite deste domingo, colorados foram abordados com pedaços de pau, pedras e garrafas na Rua Carlos Bianchini, que servia de acesso ao Estádio Centenário para a torcida visitante. A polícia acredita que uma tocaia estava sendo preparada contra os coxa-brancas.

Na abordagem, pelo menos dois PMs e um cavalo acabaram feridos. Não há confirmação de quantos colorados foram machucados.


Confronto faz 25 colorados detidos e dois PMs feridos

PEDRO MOREIRA

Dois policiais militares ficaram feridos e 25 torcedores foram detidos após confronto de um grupo de colorados com a Brigada Militar (BM) antes do jogo entre Inter e Coritiba ontem, em Caxias do Sul. A ação da polícia ocorreu nas cercanias do Estádio Centenário. Havia informações de uma emboscada para atacar os ônibus dos torcedores do Coritiba. Conforme o comandante do 12º BPM, o major Jorge Emerson Ribas, com o grupo em rua de acesso ao Centenário havia pedaços de paus, garrafas e pedras.

– Na abordagem, houve resistência e confronto. Um grupo de 20 torcedores foi preso por resistência e agressão. Um policial ficou ferido por uma pedrada. Um cavalo também foi ferido, e o PM cavaleiro caiu e se lesionou – afirmou Ribas.


terça-feira, 19 de novembro de 2013

CLUBES DE SP RECUSAM PROPOSTA DO MP CONTRA TORCIDAS ORGANIZADAS


Clubes paulistas não assinam documento contra as torcidas organizadas. Dirigentes recusam proposta do MP para se comprometerem a não dar dinheiro às torcidas

19 de novembro de 2013 | 7h 33

Raphael Ramos - O Estado de S. Paulo



SÃO PAULO - Sem acordo para que não ajudem mais financeiramente as torcidas organizadas, Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Santos assinaram nesta segunda-feira no Ministério Público do Estado um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta em que se comprometem a controlar o acesso de associados das facções nos seus estádios, assim como isolá-los, e a criar um sistema de monitoramento através de câmeras que permita a identificação dos torcedores. A medida entra em vigor no Campeonato Paulistade 2014 e o descumprimento prevê multa de R$ 20. Clubes paulistas não assinam documento contra as torcidas organizadas. Dirigentes recusam proposta do MP para se comprometerem a não dar dinheiro às torcidas



Dida Sampaio/Estadão - 25/8/2013
Muitas brigas entre torcidas marcaram futebol em 2013


Segundo o promotor Roberto Senise Lisboa, apesar de negarem que dão dinheiro às organizadas, os clubes não concordaram em assinar um documento em conjunto prometendo o fim do auxílio às facções. "Um clube falou que, como as organizadas nasceram historicamente na diretoria do clube, ficaria complicado para ele simplesmente romper", explicou Lisboa - o promotor disse não estar autorizado a revelar o nome do clube. "A estratégia do Ministério Público foi trabalhar com essa questão do subsídio às organizadas para verificar se os clubes estavam dispostos a tratar da estratégia de segurança privada. Os clubes diziam que não tinham responsabilidade nenhuma com a segurança do espetáculo, mas a lei diz que eles têm", disse Lisboa.

Pelo termo assinado ontem, os clubes assumem a obrigação de confinar os integrantes das facções, impedindo a circulação pelo interior do estádio, e a controlar a entrada desses torcedores por meio de cartões com chip e foto que serão implantados pela Federação Paulista de Futebol. Assim, se um torcedor que eventualmente tenha participado de alguma briga tentar entrar no estádio, ele será barrado já na catraca.

Com relação ao chamado "torcedor comum", os clubes têm de garantir que nos setores destinados às numeradas e preferenciais os assentos individuais e demarcados sejam respeitados. Há ainda a possibilidade de que Portuguesa, Ponte Preta e Guarani sejam incluídos no acordo.

O presidente do Santos, Odílio Rodrigues Filho, reafirmou o seu bom relacionamento com as torcidas organizadas e discorda com o estereótipo de que os seus integrantes não apresentariam comportamento adequado, com a devida civilidade, nos estádios e fora deles. Por outro lado, segundo o dirigente, o Santos continua mantendo sua política de repúdio a todo comportamento que fuja disso. "Trabalhamos pela paz nos estádios, pela presença de todos os torcedores, das famílias. Continuamos contra os violentos, os vândalos, sejam eles membros de torcida organizada ou da torcida comum, e nos comprometemos a ajudar a identificar os indivíduos que cometerem excessos."

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

JECRIM MUDA PARA ENFRENTAR HOLIGANISMO

Juizados foram ampliados para conter violência de torcidas. Juizado Especial Criminal (Jecrim) mudou para acompanhar os tempos modernos


GIAN AMATO
O GLOBO
Atualizado:7/11/13 - 22h57


RIO — Criado para agilizar o julgamento de crimes com até dois anos de pena cometidos dentro dos estádios, o Juizado Especial Criminal (Jecrim) mudou para acompanhar os tempos modernos. Mesmo que seja difícil esquecer a antiga nomenclatura, agora o órgão pretende ser conhecido como Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos. Mas a mudança não ficou restrita à sigla.

A competência para o julgamento de crimes cometidos pelas torcidas organizadas, por exemplo, foi ampliada e uma delas já pagou o preço por desrespeitar a lei. Um ato de violência no Maracanã foi punido com rigor pelo Juizado. Depois de atacar a torcida do Vitória, em 27 de outubro, quando cerca de 30 integrantes da Torcida Organizada Young Flu chegaram a apedrejar os adversários, o grupo foi julgado rapidamente e toda a torcida ficou proibida de frequentar qualquer estádio brasileiro caracterizada com uniformes, faixas e bandeiras da facção. Detido durante a agressão, um torcedor tricolor foi afastado dos estádios por oito meses e deverá se apresentar à delegacia nos dias de jogos do seu time.

Na partida entre Flamengo e Goiás, na última quarta-feira, um rubro-negro quebrou a cadeira do Maracanã após o gol adversário. Foi conduzido ao Juizado e pagou pelo dano. As torcidas Fúria e Jovem, do Botafogo, e a Jovem Fla, também estão sob punição.

O Juizado funciona no Maracanã e São Januário em dias de jogos. Pode decretar prisão preventiva de suspeitos e determinar busca e apreensão sem a necessidade de encaminhamento dos supostos criminosos e policiais à delegacia mais próxima.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

JUSTIÇA DESPORTIVA QUER PUNIR CLUBES COM PERDA DE PONTOS

ZERO HORA 06/11/2013 | 20h37

STJD quer que clubes percam até pontos em casos graves de violência nos estádios. Paulo Schmitt apresentou nesta quarta-feira o projeto para a Federação Paulista de Futebol e CBF, e pretende que seja estendida para outras federações



Recentemente, torcidas de Avaí e Figueirense entraram em confusão
Foto: Cristiano Estrela / Agencia RBS


O procurador geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo Schimitt, reuniu-se nesta quarta-feira com Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF) e vice da CBF, para apresentar um projeto que responsabiliza o clube por atos de violência de torcedores nos estádios. De acordo com ele, a intenção é aproximar as regras de segurança do futebol brasileiro às aplicadas pela Fifa.

— A proposta é adotar dispositivos do código da Fifa para que os clubes sejam responsabilizados pelos atos praticados por seus torcedores, como prevê a norma internacional, e que possam cumprir, no caso de elevada gravidade, as penas de perda de mando de campo, eventualmente com portões fechados, e nas reincidências de muita violência e de gravidade até mesmo a perda de pontos — afirmou Paulo Schimitt, ao site da FPF.

Nesta temporada, pouco mais de 20 pessoas já morreram por violência ligada ao futebol, sendo que Corinthians, Palmeiras e São Paulo perderam mandos de campo em 2013 por conta de problemas nas arquibancadas. A ideia de Schimitt agora é levar a proposta a José Maria Marin, presidente da CBF, e a outras federações, para que a lei entre em vigor a partir de 2014.

— Vamos buscar que os principais dispositivos constem no regulamento geral das competições das federações e também da CBF, e que isso possa ser encaminhado ao Ministério do Esporte para que os diversos dispositivos desse código disciplinar também sejam incorporados a um anexo do nosso código brasileiro de justiça desportiva - acrescentou.

— Estou completando dez anos de tribunal e esse ano de 2013 realmente chamou muito a atenção. Temos que dar esse tipo de resposta. Estamos às vésperas de uma Copa do Mundo e o que nos falta é paz nas arquibancadas - completou Paulo Schimitt.


LANCEPRESS


PARA LEMBRAR...


ZERO HORA 22/10/2013 | 12h43

Procurador do STJD quer volta de portões fechados como punição. Recentes brigas motivaram a redação de documento que será entregue para apreciação da CBF



Copa Sub-20 teve tumulto entre torcidas do Figueirense e GrêmioFoto: Cristiano Estrela / Agencia RBS


Diante dos seguidos casos de brigas nas arquibancadas dos estádios Brasil afora, já há uma movimentação para que a aplicação do fechamento de portões fechados renasça no futebol nacional. O procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo Schmitt, é um dos “capitães” da ideia e promete entregar à CBF um documento com sugestões a respeito do assunto.

— Vou mandar pela procuradoria algumas sugestões para que a CBF, que tem legitimidade para fazê-lo, possa enviar ao Conselho Nacional do Esporte ou coloque no regulamento das competições – afirmou Schmitt, a respeito da medida, retirada do CBJD em 2009.

Na visão de Schmitt, que pretende trabalhar nas sugestões durante esta semana, o aumento dos casos de violência tem como ponto chave a falta de eficácia das punições impostas por seus colegas auditores, como no caso da pancadaria no jogo Vasco x Corinthians:

— Se o Tribunal tivesse aplicado a forma de execução com portões fechados no caso de Vasco x Corinthians, o cenário poderia ser outro.


LANCEPRESS



ZERO HORA, 15/10/2013 | 09h04

Presidente do STJD diz que futebol brasileiro está "doente". Tribunal tende a punir duramente brigas nos estádios



Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo


Diante de mais um domingo violento nos estádios e após rever inúmeras vezes as cenas dos conflitos no Morumbi e no Independência, o presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva(STJD), Flávio Zveiter, deu o seu diagnóstico:

— O futebol brasileiro está doente e tem um vírus, que é esse bando de marginais que vai ao estádio para brigar, descumprir a legislação, prejudicar o seu clube e colocar em risco famílias de bem.

Zveiter foi além e comparou o órgão que preside a uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

— Quando chega ao STJD, o problema já aconteceu. Nós somos a ponta final e temos por incumbência apenas punir eventualmente um clube, cuja torcida participou de algum tipo de conflito. ê preciso cuidar da prevenção — disse.

Neste ano, por causa de briga entre torcedores, o STJD já puniu com a perda de mando de campo Corinthians, Vasco e Palmeiras. Para Zveiter, no entanto, as penas aplicadas aos clubes precisam ser revistas e não têm se mostrado eficiente, já que os conflitos têm sido recorrentes.

— Ficar punindo os clubes não é uma solução e não resolve o problema — atesta.

Mas a tendência é o STJD punir com rigor os incidentes do último fim de semana. ê possível que São Paulo, Corinthians, Atlético-MG e Cruzeiro sejam penalizados. No caso do clássico no Morumbi, as imagens mostram torcedores são-paulinos em conflito com policiais. Mas segundo o procurador do STJD, Paulo Schmitt, o Corinthians também pode ser denunciado.

— Ainda vou analisar o material e essa hipótese não está descartada — avisou.

Na partida do Independência foi registrada uma briga entre facções do Cruzeiro. De acordo com Schmitt, porém, o Atlético-MG pode ser punido caso seja provado que, na condição de mandante, contribuiu para a confusão.


INVESTIGAÇÃO - Responsável pela investigação da briga entre são-paulinos e policiais militares no clássico paulista no Morumbi, a delegada Margarete Barreto, da Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), disse ter identificado quatro torcedores. No dia do jogo, apenas um menor de idade foi levado à delegacia do Juizado Especial Criminal (Jecrim) do estádio e liberado em seguida.

A delegada não quis revelar os nomes dos torcedores identificados, mas é possível ver Luis Lacerda, ex-presidente da torcida organizada Independente, no meio da confusão. Mesmo ensanguentado, ele distribuiu socos e pontapés e chega tomar o rádio de um policial.

A diretoria da facção confirmou a presença de Lacerda no tumulto, mas justificou que o torcedor apenas revidou após ser agredido pelos policiais.

— É uma questão de ação e reação. Se você tomar uma borrachada na cara você não vai fazer nada? — questiona André Nascimento, relações-públicas da Independente.

Lacerda e os demais torcedores identificados devem ser indiciados por provocação de tumulto e lesão corporal. Se considerados culpados, podem receber como punição a prestação de serviços comunitários.

— Mesmo que eles fossem levados para o Jecrim, só ia ter uma audiência e eles iriam ser soltos. Eu não faço a lei. Às vezes, ela (lei) me incomoda um pouco porque as pessoas estão sempre cometendo crimes, mas não sou eu que faço as lei — disse, resignada, Margarete.

A Polícia Civil instaurou inquérito e está colhendo imagens e depoimentos. A previsão é que as investigações durem 30 dias, mas podem ser prorrogadas se houver necessidade.

— Estamos investigando se houve formação de quadrilha, mas não tenho muita certeza se vai dar — explicou a delegada.

Nesta segunda-feira, a Polícia Militar deu a sua versão para a confusão. Nota oficial divulgada pela corporação diz que o tumulto foi "motivado pelo lançamento de uma bomba caseira da torcida do São Paulo na torcida adversária". Na sequência, ainda segundo a PM, os policiais entraram em ação para "evitar tentativa da torcida do São Paulo de invadir o local reservado aos torcedores do Corinthians para agredi-los, o que resultou em um confronto entre policiais e torcedores do São Paulo". Dois policiais ficaram feridos.

Também nesta segunda-feira, a Independente soltou nota oficial na qual afirma que "nada tem com o descontrole de membros da Polícia Militar e o tumulto causado pelo artefato arremessado pela torcida rival".


AGÊNCIA ESTADO


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - É o cúmulo do absurdo. Punir os clubes com perda de pontos numa competição só mostra a incapacidade e impotência da justiça desportiva no enfrentamento da violência no futebol. Nenhum clube no mundo é capaz de conter a violência sozinho, sem o rigor das leis e coatividade da justiça comum e desportiva.

Sugiro:

- exigir dos parlamentos o endurecimento das leis contra o holiganismo em todos os esportes;

- levar à justiça comum os autores de crimes para que sejam julgados e punidos com exclusão das praças desportivas por no mínimo um ano, os hooligans e invasores;

- criar um departamento operacional junto à justiça desportiva através das federações e clubes, para controlar, fiscalizar e monitorar as punições e impedir o acesso deles nos estádios;

- fazer os clubes punirem as torcidas organizadas que se envolverem em conflitos e delitos dentro e fora dos estádios;

- impedir os clubes de patrocinar, beneficiar e reconhecer torcidas organizadas que praticar e tiver entre seus membros pessoas condenadas pela justiça por holiganismo, vandalismo, rixas e outros conflitos motivados pelo fanatismo esportivo;

- estimular os clubes a levarem para as escolas seus jogadores e especialistas, contribuindo nos programas educativos contra a violência.

- excluir das competições o clube que não cumprir os deveres estabelecidos na lei contra a violência nos esportes.