terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O QUE O PODER PÚBLICO NÃO ENXERGA

PARA LEMBRAR....

Redação Superesportes - Diario de Pernambuco
16/04/2013 09:15




Mesmo proibidas, torcidas organizadas estão nos jogos e, muitas vezes, nem um pouco discretas


No dia 20 de fevereiro de 2013, o juiz titular do Juizado Especial do Torcedor (Jetep), José Raimundo dos Santos Costa, determinou, em sentença favorável ao pedido de ação impetrada pela Federação Pernambucana de Futebol (FPF), que as facções organizadas Fanáutico, Inferno Coral e Torcida Jovem estariam proibidas de se reunirem “no entorno dos estádios de futebol e de adentrarem nas arenas esportivas nos dias de jogos”. Abalada com a violência no futebol, a sociedade viu na decisão do Juizado do Torcedor uma vitória na luta contra a impunidade. Desrespeitando a decisão judicial e escancarando a fragilidade do poder público, as organizadas, entretanto, nunca deixaram de frequentar os estádios.

Poucas semanas depois do episódio que vitimou o jovem Lucas Lyra, as facções se fizeram presentes nos jogos de seus respectivos times. De forma disfarçada, porém marcando presença. Faixas com o slogan da facção nas mesmas cores e fazendo os mesmos gestos, ou seus integrantes reunidos no mesmo local em que sempre estiveram em seus estádios. São alguns dos exemplos perceptíveis a qualquer torcedor que é acostumado a ir a um jogo de futebol. No último domingo (14), a facção rubro-negra Torcida Jovem, em sua página no Facebook, conclamou os leoninos a se reunirem na Ilha do Retiro, de onde saíram em caminhada para o estádio do Arruda, onde Santa Cruz e Sport realizaram o clássico das multidões.

Durante o trajeto, mesmo sem camisas que os identificava como torcida organizada, cânticos e gritos de guerra da facção podiam ser ouvidos, além dos gestos alusivos à facção. Parte do cortejo foi acompanhado pela Polícia Militar, que escoltava os torcedores. O coronel Gilmar de Araújo Oliveira, comandante do Policiamento da Capital, afirmou ao Diario que a PM apenas disciplinou os torcedores que se deslocavam ao Arruda, alegando que não se tratava de membros da organizada rubro-negra. “Identificamos, através das câmeras de segurança, várias pessoas se dirigindo pela avenida Agamenon Magalhães e o que fizemos foi o balizamento dos torcedores até o estádio, para garantir o fluxo do trânsito”, explicou. “Nós estamos trabalhando para que tudo transcorra dentro da paz social”, enfatizou.

O juiz José Raimundo lamenta o fato de sua decisão não vir sendo cumprida em sua integralidade. “Na reunião que tive com os comandantes da Polícia Militar, deixei claro que independentemente do uso ou não de camisas, os torcedores que se manifestassem em aglomeração e fizessem referência às torcidas, entoando cânticos ou hinos de guerra por exemplo, deveriam ser enquadradas de acordo com a determinação judicial”, esclareceu o magistrado. “Cabe à Polícia Militar mapear as áreas e fiscalizar. Sei que é uma questão complexa e entendo a dificuldade. Porém, é algo que diz respeito mais à Polícia do que à Justiça. A lei e a decisão judicial existem, elas precisam ser cumpridas”, concluiu.

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