Sul 21 > Opinião Pública
Data:31/jul/2013, 8h44min
Por Alberto Kopittke
Os jogos entre Grêmio e Inter ou entre Inter e Grêmio, para não gerar ciúmes, são os eventos mais importantes do esporte do Rio Grande do Sul, mobilizam milhares de pessoas que vão até os estádios e dezenas de milhares de pessoas que o acompanham pelos meios de comunicação.
Mais que mero evento esportivo, é espaço cultural, momento de identidade e interação. Infelizmente hoje é símbolo da intolerância que tem permeado a cultura do nosso estado. Situação quase crônica nas últimas décadas, os Gre-Nais se tornaram palco de brigas e atos de vandalismo, como se não houvesse outra alternativa além das cenas de jovens se digladiando e até matando porque torcem por times diferentes.
A discussão sobre a torcida única no próximo Gre-Nal é o atestado máximo de nossa incapacidade de convívio enquanto sociedade. Chegamos num ponto em que uma metade dos gaúchos não pode sentar junto com a outra metade. Um estádio todo azul e outro todo vermelho até podem ser a solução mais simples e prática, mas também a mais equivocada. Estaremos mostrando para nossas crianças que seus pais não foram capazes de construir uma sociedade em que pessoas que pensam diferente possam conviver e partilhar de momentos juntos, nem mesmo num mero jogo de futebol.
As administrações dos novos estádios, que poderiam criar grandes ambientes de encontro, infelizmente estão priorizando a preocupação com o seu novo e luxuoso patrimônio, o que é legítimo, mas seria muito importante se tivessem a ousadia de efetivamente criarem uma nova era do futebol do Rio Grande do Sul, o tornando sinônimo de festa e civilidade, não de violência e intolerância. Sempre haverá indivíduos sem capacidade para isso, mas essa minoria simplesmente não pode mais ter acesso aos estádios – através de um controle rígido e moderno, como já prevê o Estatuto do Torcedor – e a sociedade não pode jamais nivelar seu padrão de comportamento por ela.
O maior legado que a Copa poderia deixar para a cidade não são as cadeiras confortáveis, mas a possibilidade de gremistas e colorados as partilharem lado a lado, sem a necessidade de serem separados e contidos pela polícia.
Aliás, vale lembrar que política de segurança é muito mais do que apenas ter policiais para separar brigas, mas ações que estimulem a convivência e disputem os valores da sociedade.
Um Gre-Nal de todo(a)s, convivendo no mesmo espaço sem violência, vamos tentar?
Alberto Kopittke é advogado e vereador de Porto Alegre
Data:31/jul/2013, 8h44min
Por Alberto Kopittke
Os jogos entre Grêmio e Inter ou entre Inter e Grêmio, para não gerar ciúmes, são os eventos mais importantes do esporte do Rio Grande do Sul, mobilizam milhares de pessoas que vão até os estádios e dezenas de milhares de pessoas que o acompanham pelos meios de comunicação.
Mais que mero evento esportivo, é espaço cultural, momento de identidade e interação. Infelizmente hoje é símbolo da intolerância que tem permeado a cultura do nosso estado. Situação quase crônica nas últimas décadas, os Gre-Nais se tornaram palco de brigas e atos de vandalismo, como se não houvesse outra alternativa além das cenas de jovens se digladiando e até matando porque torcem por times diferentes.
A discussão sobre a torcida única no próximo Gre-Nal é o atestado máximo de nossa incapacidade de convívio enquanto sociedade. Chegamos num ponto em que uma metade dos gaúchos não pode sentar junto com a outra metade. Um estádio todo azul e outro todo vermelho até podem ser a solução mais simples e prática, mas também a mais equivocada. Estaremos mostrando para nossas crianças que seus pais não foram capazes de construir uma sociedade em que pessoas que pensam diferente possam conviver e partilhar de momentos juntos, nem mesmo num mero jogo de futebol.
As administrações dos novos estádios, que poderiam criar grandes ambientes de encontro, infelizmente estão priorizando a preocupação com o seu novo e luxuoso patrimônio, o que é legítimo, mas seria muito importante se tivessem a ousadia de efetivamente criarem uma nova era do futebol do Rio Grande do Sul, o tornando sinônimo de festa e civilidade, não de violência e intolerância. Sempre haverá indivíduos sem capacidade para isso, mas essa minoria simplesmente não pode mais ter acesso aos estádios – através de um controle rígido e moderno, como já prevê o Estatuto do Torcedor – e a sociedade não pode jamais nivelar seu padrão de comportamento por ela.
O maior legado que a Copa poderia deixar para a cidade não são as cadeiras confortáveis, mas a possibilidade de gremistas e colorados as partilharem lado a lado, sem a necessidade de serem separados e contidos pela polícia.
Aliás, vale lembrar que política de segurança é muito mais do que apenas ter policiais para separar brigas, mas ações que estimulem a convivência e disputem os valores da sociedade.
Um Gre-Nal de todo(a)s, convivendo no mesmo espaço sem violência, vamos tentar?
Alberto Kopittke é advogado e vereador de Porto Alegre
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