domingo, 13 de outubro de 2013

TOLERÂNCIA ZERO COM VIOLÊNCIA EM PROTESTOS NA COPA


Chefe da Secretaria de Segurança para Grandes Eventos diz que atos são legítimos, com respeito à democracia

ANDRÉ DE SOUZA
O GLOBO
Atualizado:12/10/13 - 21h16


O Secretário Extraordinário de Segurança para Grandes Eventos, Delegado Federal Andrei Augusto Passos Rodrigues O Globo / Jorge William


BRASÍLIA - As manifestações que tomaram conta das ruas do país em junho deste ano são legítimas e democráticas, mas atos de violência que atrapalhem a realização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 não serão tolerados. O recado é do delegado da Polícia Federal (PF) Andrei Augusto Passos Rodrigues, que desde agosto é o titular da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, ligada ao Ministério da Justiça. A secretaria está encarregada da coordenação das medidas de segurança dos grandes eventos e tem um orçamento bilionário para isso. A estimativa é que só o governo federal gaste R$ 1,17 bilhão com a segurança dos torneios da Fifa, e R$ 1,16 bilhão com os Jogos Olímpicos de 2016.

— O protesto é legítimo, democrático. E a obrigação das forças de segurança é garantir que esse reflexo da democracia seja exercido em sua plenitude, que isso ocorra da forma mais tranquila possível. O que não podemos aceitar são atos de vandalismo, violência contra patrimônio público e privado, ou que venham a interferir na realização dos eventos. Então nosso grande trabalho é de garantia das manifestações, e fazer com que os jogos ocorram sem interferência de atos de violência ou vandalismo — afirma Andrei Augusto.

Um dos desafios da secretaria é conseguir coordenar os trabalhos das forças de segurança nacionais, estaduais e municipais. A Copa do Mundo terá 12 cidades-sede, o que significa ter que dialogar com os governos dos estados e municípios onde os jogos vão ser disputados. Este ano, durante a Copa das Confederações, atuaram 54 mil integrantes das forças de segurança, entre PMs, policiais civis, bombeiros, agentes de trânsito e outros. Na Copa do Mundo, esse número deve dobrar e passar de 100 mil

Atos não devem ser encarados como principal prioridade

O delegado ainda não chefiava a secretaria quando o Brasil viu milhões de pessoas irem às ruas em junho, na mesma época em que o país sediava a Copa das Confederações. Embora as manifestações ocorridas na época tenham dado trabalho à polícia, o secretário evita apontar os atos de rua como a maior preocupação para a segurança dos próximos grandes eventos.

— É difícil termos um foco específico, ‘olha, agora vamos cuidar dessa ação’. Por que com isso podemos estar desguarnecendo outro ponto. A gente tem ações de capacitação para todas as áreas com os entes federados.

Para a segurança dos grandes eventos, há dois centros integrados de comando e controle (CICCs): um em Brasília e outro no Rio de Janeiro. Além disso, há 12 centros regionais, um para cada cidade-sede da Copa do Mundo, e centros locais dentro dos estádios. Nesses centros — alguns deles já operando — há representantes das várias forças de segurança nacionais e locais.

Um dos maiores contratos da Secretaria, no valor de R$ 243 milhões, é para a implantação da chamada solução integradora. Segundo Andrei, ela vai permitir o pleno acesso ao sistema por todos os CICCs e deverá estar funcionando totalmente em abril do ano que vem, a tempo para a Copa do Mundo. O dinheiro será usado para investimentos em equipamentos, softwares e sistemas de comunicação.

Andrei Augusto substituiu no posto o também delegado Valdinho Jacinto Caetano, que pediu demissão depois de se desentender com o general José Carlos De Nardi, coordenador de Defesa dos grandes eventos. Apesar dos atritos do antecessor com o general, o atual secretário afirma que as relações com os militares são boas. E lembra que o trabalho com a Força também amplia a integração.

— O grande legado não será só equipamentos, de sistemas, de bens materiais. Mas a integração entre as forças, a maneira de agir conjuntamente, e a capacitação da nossa maior riqueza, que é o policial, nosso material humano.

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