domingo, 13 de outubro de 2013

A MÁQUINA DA SEGURANÇA NA COPA

ZERO HORA 13 de outubro de 2013 | N° 17582

A MÁQUINA DA SEGURANÇA. Como funciona o cérebro da Copa

ADRIANA IRION | BRASÍLIA

Dentro do Centro Integrado de Comando e Controle Nacional, um paredão de monitores impressiona o visitante. Dali, é possível acompanhar, simultaneamente, pelo menos 56 imagens, que podem ser originadas de diversas regiões do país ou todas associadas a apenas um estádio de futebol, por exemplo. É nesse centro, localizado em Brasília, que funciona a cúpula da segurança da Copa do Mundo. ZH visitou o local, conheceu seus principais equipamentos e conversou com o delegado federal responsável pela coordenação do trabalho, Andrei Augusto Passos Rodrigues.

Océrebro e o coração da segurança da Copa do Mundo no Brasil estão abrigados em um prédio do Ministério da Justiça, localizado no setor policial de Brasília.

De lá será possível analisar, de forma simultânea, no ápice do evento, até 56 pontos do país para zelar pela segurança de delegações, seleções, turistas. Por trás da tecnologia de última geração, pulsa o desafio que a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge), do Ministério da Justiça, tem de integrar e coordenar forças diversas em prol de uma meta, a de registrar o Brasil na história do esporte mundial como referência em segurança.

A missão, sustentada por um orçamento de R$ 1,2 bilhão, está nas mãos do delegado da Polícia Federal (PF) Andrei Augusto Passos Rodrigues, nomeado titular da secretaria em agosto. A longa lista de riscos intrínsecos a esse tipo de evento – como ações terroristas, ataques cibernéticos, assaltos, protestos com vandalismo e agressões – não é o que mais sobressalta o secretário.

O maior desafio é que a engrenagem da integração entre todas as instituições envolvidas no plano de segurança se encaixe para funcionar naturalmente (leia entrevista nas páginas 6 e 7). A expectativa é de que em torno de 100 mil servidores estejam aptos a trabalhar nas 12 cidades-sede dos jogos, que se iniciam em 12 de junho de 2014.

Zero Hora conheceu o quartel-general da segurança da Copa do Mundo, inspirado no que existe em outros 12 países. Por três horas, esteve no Centro Integrado de Comando e Controle Nacional (CICCN), um órgão estratégico, responsável por monitorar e abastecer de informações os 12 centros regionais já instalados ou sendo construídos no país. O órgão nacional reúne o alto escalão. É só dele que podem partir as decisões de governo, do Ministério da Justiça, sobre qualquer situação crítica de segurança.

Uma parede de olhos

Na sala de gestão de crise, há assentos para ministros e linha direta com a presidente Dilma Rousseff. Entre os membros da secretaria, porém, a torcida é para que o espaço fique sem uso. Que sirva apenas para reuniões ordinárias, sem casos de extrema gravidade a serem tratados.

Um andar abaixo, está o salão que abriga o video wall de 17 metros de comprimento e seis de altura. O equipamento é composto por 56 módulos (telas) e, portanto, pode manter em análise, com boa qualidade de visão, 56 imagens simultâneas de regiões diversas.

Ou, ao contrário, ampliar ao máximo uma única cena para análise dos operadores. Os módulos podem ainda ser divididos em imagens menores, elevando a quantidade de situações sob observação dos representantes de, pelo menos, 15 forças de segurança e de outras áreas que já ocupam posições dentro do comando nacional.

Além de polícias, bombeiros e agentes de trânsito, o cérebro da segurança da Copa também é integrado, por exemplo, por órgãos como a Agência Nacional de Aviação, a Infraero e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. E ainda chegarão os reforços internacionais, já que a secretaria mantém cooperação para troca de informações com representantes dos países que estarão no Mundial – serão 32 seleções na competição.

Engana-se quem imaginar que o video wall é somente um grande telão de imagens. Perito criminal da PF e coordenador-geral de tecnologia da informação e comunicação da secretaria, Daniel Russo detalha o potencial do equipamento:

– Temos softwares com mapas de planejamento, de gestão de eventos – composto, por exemplo, pela agenda de uma delegação, com dados de percurso e horário e de quem deve estar atuando naquela ação –, e mapas situacionais, que mostram as posições dos policiais, onde há barreiras, onde temos ambulâncias, hospitais, disponibilidade de leitos.

O centro nacional foi inaugurado por Dilma em junho de 2013 e operou com outros seis centros regionais, durante a Copa das Confederações. De lá, foram acompanhadas as manifestações que incendiaram o país durante o torneio. Será de lá que, em 242 dias, autoridades esperam começar a assistir ao sucesso, no Brasil, da maior competição de futebol do mundo. Sem vítimas. E sem arranhões à imagem do país.


CARTA DA EDITORA | MARTA GLEICH

O big brother da Copa



Ao virar a próxima página, você encontrará uma reportagem que mergulha na central de segurança da Copa do Mundo no Brasil, em Brasília.

Durante três horas da última quarta-feira, a repórter Adriana Irion e o fotógrafo Carlos Macedo registraram cada detalhe do cérebro e do coração da Copa, em um prédio do Ministério da Justiça. É de lá que é feita a coordenação do plano construído para que o evento se realize sem arranhões à imagem do Brasil.

A partir dali, será organizada a segurança de delegações, seleções e turistas nas cidades-sede da Copa, com tecnologia de última geração, em um projeto orçado em R$ 1,2 bilhão.

O curioso desta reportagem é como Adriana a conseguiu. Estudantes de Comunicação desde muito cedo aprendem na faculdade: um dos segredos do bom jornalista é cultivar fontes. Isso pressupõe ter uma boa agenda, manter contatos – muitas vezes sem que isso resulte numa reportagem imediatamente –, especializar-se num assunto, saber quem é quem no primeiro, no segundo e terceiro escalões, estabelecer uma relação de confiança com a fonte ao longo dos anos, entre muitas outras regras.

Adriana conheceu o delegado federal Andrei Augusto Passos Rodrigues, gaúcho de Pelotas, principal entrevistado desta reportagem, em 2007, quando ela recém ingressava na editoria de Política e ele comandava a investigação que devassou a Assembleia Legislativa, conhecida como fraude dos selos. Depois de ter atuado em Brasília, comandado a segurança da então candidata Dilma Rousseff e trabalhado por dois anos na Espanha, Andrei foi nomeado há dois meses secretário extraordinário de segurança para grandes eventos.

Foi por meio da relação de confiança nutrida nesses seis anos que Adriana negociou nas últimas semanas com Andrei não só um mero registro das instalações, mas a mais completa reportagem já feita sobre o QG da segurança do Mundial sob a gestão do novo secretário.

Vire a página e conheça, portanto, como vai funcionar o Centro Integrado de Comando e Controle Nacional, o big brother da Copa, graças ao bom cultivo de fontes da repórter Adriana Irion.


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