terça-feira, 8 de janeiro de 2013

BADERNA DA ARENA SEM FIM


ZERO HORA 08 de janeiro de 2013 | N° 17306

Baderna na Arena Alemão da Geral diz que teve casa invadida por Zóio

ANDRÉ BAIBICH E FRANCISCO AMORIM

A baderna da inauguração da Arena, em 8 de dezembro, ainda não terminou. A guerra pelo comando da Geral do Grêmio entre os dois principais nomes da torcida teve mais um capítulo na semana passada, no bairro Rio Branco, em Canoas.

Imagens reveladas por Zero Hora em 27 de dezembro mostravam que o principal responsável pela pancadaria no primeiro jogo do novo estádio gremista era o número 2 da organizada, Cristiano Roballo Brum, o Zóio, 32 anos. Informações de bastidores davam conta de que Zóio estava brigando pelo poder com o fundador da torcida, Rodrigo Marques Rysdyk, o Alemão da Geral, 34. Um ex-integrante da Geral comparou a disputa a uma luta de classes:

– A turma do Zóio é o pessoal mais humilde, que depende mesmo do repasse de ingressos para ir aos jogos. O Alemão é dos, digamos, universitários.

Às 10h44min de quinta-feira, Alemão ingressou no plantão da 4ª Delegacia da Polícia Civil de Canoas para registrar que sua casa havia sido invadida às 8h30min. Os quatro invasores, segundo ele, eram comandados por Zóio, o líder da briga na partida contra o Hamburgo.

De acordo com o relatado na ocorrência, Alemão estava em casa, quando ouviu batidas em sua porta. Em seguida, Zóio teria arrombado a porta e tentado agredi-lo com uma garrafa de vidro, cadeiras e, finalmente, com uma faca. O número 2 da Geral teria responsabilizado Alemão pela divulgação das imagens que comprovaram a participação dele na baderna da Arena. Ainda segundo Alemão, Zóio teria ameaçado matá-lo e atear fogo em sua residência, já que teve muitos transtornos em função da série de reportagens publicadas por ZH.

– Estamos em fase de investigação da ocorrência, procurando descobrir os autores do fato – disse Silvio Santos, chefe de investigações da 4ª Delegacia de Polícia de Canoas. Ele afirma que ainda não tem o resultado do exame de corpo de delito em Alemão.

Contatado por ZH, Alemão preferiu não se manifestar sobre o episódio. Zóio falou por telefone:

ENTREVISTA

“Mentira. É mentira”
Cristiano Roballo Brum, o Zóio


Apontado por Alemão como invasor de sua casa, Zóio nega com veemência o incidente registrado na polícia. Contatado por telefone na tarde de ontem, o número 2 da Geral disse que procuraria Alemão para esclarecer o que houve.

ZH – Alemão disse que você invadiu a casa dele e o ameaçou de morte. Isso aconteceu?

Zóio – Mentira. É mentira. Capaz que tem isso? (risos).Vou até falar com o Alemão. Não houve nada.

ZH – Quando foi a última vez que você falou com Alemão?

Zóio – Não tive nenhum contato com ele desde que eu saí da torcida. Vou ligar para ele e ver o que aconteceu.

BM determina: Geral sem instrumentos

LUÍS HENRIQUE BENFICA

Não será apenas na partida contra a LDU, dia 30, que os torcedores da Geral serão impedidos de levar à Arena seus instrumentos, bandeiras e trapos. A proibição já será posta em prática no primeiro jogo do Grêmio como mandante no Gauchão, dia 24, às 19h30min, contra o Canoas.

– Ainda não sabemos por quanto tempo a determinação irá valer. Mas é certo que haverá forte restrição já no primeiro jogo, como punição pelo ocorrido na inauguração – disse a ZH ontem o coronel Alfeu Freitas, comandante do Comando de Policiamento da Capital (CPC).

A maior preocupação da Brigada Militar é com os instrumentos. Freitas recorda que alguns deles chegaram a ser jogados contra brigadianos.

O Grêmio, por intermédio do vice-presidente Nestor Hein, designado por Fábio Koff para negociar com as torcidas, reitera sua decisão de cadastrar todos os integrantes de organizadas. Estão cancelados subsídios como ajuda a viagens e distribuição de ingressos.

A Promotoria de Defesa do Consumidor exigirá que as câmeras de segurança da Arena funcionem em sua totalidade o quanto antes. O promotor Rossano Biazus destaca o caráter pedagógico dessa medida, que inibirá a ação de arruaceiros.

– A imprensa fez seu papel ao divulgar as suas próprias imagens da briga. Mas é responsabilidade do Grêmio e da empresa Arena Porto-Alegrense fazer essa fiscalização – afirma.

Das 90 câmeras de segurança da Arena, apenas 30 funcionaram na inauguração. As cenas da briga foram registradas pelo equipamento da BM.

Amanhã, às 14h, a promotoria ouvirá da direção do Grêmio quais as medidas do clube para exercer maior controle sobre as organizadas.

– O que aconteceu na inauguração não pode se repetir – diz Biazus.

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