domingo, 1 de março de 2015

RIVAIS, SIM! INIMIGOS, NÃO!



ZERO HORA 01 de março de 2015 | N° 18088


EDITORIAL


A iniciativa de unir torcidas rivais dá visibilidade para o Rio Grande do Sul e candidata-se a servir de exemplo para outras praças esportivas que vêm sofrendo com a violência de torcedores rivais.


O inédito Gre-Nal de torcida mista, programado para este domingo, assinala um avanço de civilidade na rivalidade centenária do futebol gaúcho. Pela primeira vez desde que as duas torcidas começaram a se identificar com seus clubes, pelas cores e pela paixão, haverá um setor no estádio destinado a receber coirmãos – no melhor sentido do termo. Além de politicamente correta, a ideia do ingresso compartilhado é engenhosa, pois estimula o torcedor a comprar dois pelo preço de um, desde que seu acompanhante seja um rival devidamente uniformizado. Merece todos os aplausos, pois permitirá que parentes e amigos acompanhem o clássico juntos, ainda que sejam rivais na preferência clubística.

Inspirada na recente Copa do Mundo e também no jogo beneficente do final do ano passado promovido pelo argentino D’Alessandro, a iniciativa de unir torcidas rivais dá visibilidade para o Rio Grande do Sul e candidatase a servir de exemplo para outras praças esportivas que vêm sofrendo com a violência de torcedores rivais. Se alcançar os resultados esperados, pode até virar referência internacional.

Sempre é bom lembrar, porém, que se trata apenas da semente para a implementação de uma cultura de convivência e tolerância que a sociedade brasileira deve perseguir não apenas no futebol, mas também em outros setores da vida nacional em que visões e ideias antagônicas geram conflitos. A democracia é o convívio da diversidade, que só se torna possível com regras, com vigilância e com Justiça. O Gre-Nal, tanto dentro quanto fora de campo, é uma competição, que precisa igualmente de normas e controles. Apesar da receptividade dos torcedores e da simpatia despertada pela promoção, as autoridades não podem afrouxar a vigilância do Caminho do Gol, do transporte público, das cercanias e do interior do estádio.

A rivalidade é saudável, foi ela que impulsionou os dois principais clubes gaúchos ao crescimento e às conquistas nacionais e mundiais. Sua degeneração para provocações e brigas é que é nociva. Os gremistas e colorados convidados para o jogo da civilidade deste domingo, portanto, têm uma oportunidade maravilhosa de contribuir para aperfeiçoar a história do Gre-Nal, sem renunciar a suas convicções e a suas paixões.

Editorial publicado antecipadamente no site de Zero Hora, na quinta-feira. Os comentários para a edição impressa foram selecionados até as 18h de sexta. A questão: torcida mista no Gre-Nal é um passo de civilidade. Você concorda?

O LEITOR CONCORDA

Acredito que possamos, sim, ter essa atitude civilizada nos estádios, pois tem muita família em que existem gremistas e colorados. Eu mesma sou gremista e a vida inteira fui a Gre- Nais e ficava na torcida do Inter com meu pai e meus irmãos, mas muitas vezes precisava me calar pra não gerar aquele desconforto. Mas, se começarem a “misturar” as duas torcidas, quem sabe um dia viveremos em perfeita harmonia em um domingo de sol com Gre-Nal.

TAILA MENEZES RIO DE JANEIRO (RJ)

Concordo. A rivalidade tem que ser somente dentro de campo. Vitórias e derrotas fazem parte do jogo. Brigar por causa de futebol é insanidade.

EVERTON ROMERO PORTO ALEGRE (RS)

Concordo. Uma brilhante iniciativa. Acho que tem tudo para dar muito certo. Os torcedores precisam ser tratados como pessoas responsáveis. Como os baderneiros são em número mínimo, se eles conseguirem se infiltrar, o pessoal gente boa vai conseguir segurá-los até a PM poder retirá-los do estádio.

EUCLIDES CERUTTI DA SILVA JUNDIAÍ (SP)

Este é um passo importante para o retorno das famílias aos estádios.

CARLOS OLIVEIRA RIO GRANDE (RS)

O LEITOR DISCORDA

Pode até ser, do ponto de vista social, uma boa iniciativa, mas entre esses adversários acredito que não vá dar certo – e não vai dar. Já faz parte do DNA de cada um ver o outro como adversário e até inimigo. Temos vários exemplos de verdadeiras lutas campais entre os mesmos. Será que agora evoluíram ao ponto de ficarem amigos e assistirem seus times jogarem um ao lado do outro? E na hora de um gol, quem festejar pode esperar um revide do “amigo adversário”. Já faz parte desse tipo de contenda. Não concordo em nome da paz, que reina com cada um no seu quadrado, apesar dos pesares!

MILTON UBIRATAN RODRIGUES JARDIM TORRES (RS)

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