terça-feira, 6 de agosto de 2013

OS HOOLIGANS DA GUERRA NO TRENSURB

ZERO HORA 06 de agosto de 2013 | N° 17514

PAULO GERMANO

GRE-NAL. Os personagens da guerra no trensurb


A pancadaria que envolveu dezenas de torcedores na manhã de domingo, com direito a explosões e vandalismo na Estação Sapucaia, foi um capítulo previsível de uma guerra que avança rente aos trilhos do trensurb.

Gremistas e colorados da Região Metropolitana disputam o domínio das estações de trem há 15 anos. Horas antes do Gre-Nal, foi o grupo do Grêmio que preparou uma tocaia para espancar os rivais.

– Em dias de Gre-Nal, sempre há confronto – confirma o capitão Rafael Luft, comandante do 33º Batalhão de Polícia Militar de Sapucaia do Sul.

Na manhã do último clássico, por volta das 10h, boa parte do grupo chamado Terror do Trem – formado especialmente por integrantes da Geral do Grêmio que se opõem aos principais líderes da torcida – embarcou em um vagão na Estação Luiz Pasteur, no limite entre Sapucaia e Esteio. O destino, claro, não era a arena gremista. Era a estação anterior, a Sapucaia, onde os torcedores do Inter se concentravam para partir mais tarde rumo ao estádio.

Aquele grupo de colorados se intitula Comando Trem. Seu logotipo no Facebook exibe com destaque a palavra “hooligans”, em referência aos violentos torcedores da Inglaterra. São, em sua maioria, integrantes da Guarda Popular, a principal torcida organizada do Inter. Surpreendidos pelos gremistas, que chegaram armados com pedras e barras de ferro que catavam no caminho, os colorados revidaram até com bombas.

– O trem, para nós, é como o Beira-Rio. É onde se reúnem as pessoas mais pobres, o povão mesmo, que nunca consegue ir de carro para o estádio. De uns tempos para cá, veio esse pessoal do Grêmio dizendo que eles é que comandam o trem. Não vamos ceder essa liderança – afirma um líder do Comando Trem.

Um dos fundadores do Terror do Trem – que surgiu em 1999 como resposta ao grupo colorado –, um gremista que se desligou há pouco da Geral, tenta explicar o tumulto:

– Assim como há rivalidade sobre qual estádio recebe mais gente, também há rivalidade sobre a maior torcida dos vagões.

No quebra-quebra de domingo, os colorados depredaram janelas e portas do vagão em que a torcida do Grêmio tentava escapar. Ninguém foi preso. Só nos próximos dias é que a 2ªDelegacia da Polícia Civil de Sapucaia deve iniciar as investigações, porque a ocorrência foi registrada em Canoas – e a burocracia atrasa o início das apurações.


DIOGO OLIVIER - Episódios Gre-Nal

Não tivemos violência dentro da Arena, o que é motivo de júbilo. O caminho da paz é complexo, pois é impossível dissociar o futebol do contexto do país, cuja criminalidade e insegurança crescem ao ponto de certas barbaridades correrem o risco da banalização. Mas não podemos esquecer o tema, e isso passa por providências para três episódios que não contribuem em nada para a civilidade:

1) O torcedor do Inter que fez da cadeira da Arena um banheiro de casa. Nem vale falar muito para não celebrizar tamanha idiotice. A direção colorada deveria agir, se for sócio.

2) O bate-boca e empurra-empurra entre seguranças do Grêmio e da Arena Porto-Alegrense antes do jogo. Não tinham que dar exemplo?

3) A depredação no trensurb, por colorados e gremistas. O vídeo com um senhor de idade sendo atropelado e levantando sem ninguém a ajudá-lo é o fim do tempos. É preciso punir, já.



WIANEY CARLET - Nojeira

Algumas cadeiras quebradas no setor onde ficaram os colorados é, por enquanto, o saldo negativo do Gre-Nal. Mas, a grande e fedida novidade foi protagonizada por um colorado que, desprezando os novíssimos e belíssimos banheiros da Arena, resolveu fazer cocô na cadeira. E, para completar a escatológica agressão, decorou as paredes próximas com a matéria ali posta, indevidamente. Supõe-se que a deplorável ação tenha acontecido após o jogo. É impossível imaginar que os torcedores tivessem suportado em silêncio os efeitos da porcaria. Certa vez, o ponteiro Éder defecou no sapato do treinador do Grêmio, na época, Telê Santana. Virou lenda. Agora, é um colorado quem macula a beleza da Arena e distribui a foto da sua obra pelas redes sociais, como se fosse uma proeza. Que nojeira!

Perfeição

O trabalho da Brigada Militar foi perfeito. A condução dos colorados para a Arena do Grêmio teve precisão cirúrgica. Durante o jogo e na saída repetiu-se o cumprimento exato do planejamento dos comandantes da BM. Lamente-se, apenas, que para proteger torcedores em um jogo de futebol fosse necessário mobilizar mais de 700 policiais. A Brigada foi bem, mas as pessoas continuam muito mal.

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