terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A VIOLÊNCIA E O ESVAZIAMENTO DOS ESTÁDIOS DE FUTEBOL




Melquisedec Nascimento


Uma recente pesquisa do IBOPE/LANCE! revelou que 90% dos brasileiros não costumam frequentar os estádios de futebol. Trata-se de um número estarrecedor, haja vista o Brasil ser considerado o País do futebol. Inúmeros motivos foram elencadas pelos entrevistados para não frequentarem os estádios, entre os quais a violência(34,5%), a distância(27%) e o preço dos ingressos(17%).


A pesquisa também revelou que o costume de ir aos estádios de futebol é mais comum entre os que têm renda familiar acima de 10 salários mínimos, enquanto que os torcedores com renda familiar entre 2 e 5 salários mínimos, são os que menos frequentam os estádios, apesar de todo o trabalho de incentivo ao programa sócio-torcedor, cuja finalidade é conceder descontos em torno de 50% nos preços dos ingressos, aos torcedores que se comprometam a pagar R$ 30, em média, de mensalidade ao seu clube de coração, portanto é patente que os altíssimos preços dos ingressos estão fora da realidade do poder aquisitivo dos brasileiros, cabendo aos envolvidos no processo de gestão esportiva rever a atual política de preços.


Em relação à distância como motivo para afastar o torcedor dos estádios, podemos concluir que não é a distância em si, mas o transporte, na verdade, a locomoção que é o principal problema. Há que se buscar soluções para melhorar o transporte não só o público, no caso, os ônibus, mas também os de massa nos dias de jogos, incentivando assim o torcedor a utilizar o metrô e os trens, estes sim transportes de massa, sendo necessário um verdadeiro choque de gestão da qualidade nesses serviços, a fim de estimular o seu uso nos dias de jogos.


Finalizando, há que se tomar medidas contundentes para prover efetiva segurança aos torcedores nos estádios de futebol, pois a violência é o principal fator de esvaziamento dos estádios, conforme revelou a supracitada pesquisa, cabendo, portanto, às autoridades da área de segurança pública, em conjunto com os gestores do futebol buscarem soluções para trazer de volta a sensação de segurança aos torcedores, aumentando assim a presença do público nos estádios, pois ter apenas 10% da população frequentando os estádios, desautoriza o Brasil ser considerado o país do futebol.







COMENTÁRIO DO BENGOCHEA
- Realmente, a revelação da pesquisa "que 90% dos brasileiros não costumam frequentar os estádios de futebol" indica um retrocesso de um lazer esportivo que detinha o primeiro lugar na preferência dos brasileiros, provocado pela violência(34,5%), distância(27%) e preço dos ingressos(17%). Os preços são exorbitantes e transformaram o futebol em esporte para ricos; a distancia mostrou o quanto o país está atrasado na questão de transporte urbano e coletivo; e a violência só retrata o país que vivemos, um país da impunidade, com leis permissivas, com uma justiça leniente e com autoridades legislativas e judiciárias sem qualquer vontade em tratar as questões de violência para garantir a segurança da população brasileira. 



sábado, 21 de fevereiro de 2015

QUANDO O ÁLCOOL ENTRA, A SEGURANÇA SAI DE CAMPO



ZERO HORA 21 de fevereiro de 2015 | N° 18080


JOSÉ FRANCISCO SEABRA MENDES JÚNIOR*



Inegavelmente, nos campos de futebol, onde afloram as paixões e a predisposição para o confronto, a proibição de consumo de álcool impede que sejam potencializados comportamentos temerários. Agora, quando recrudesce movimento para a liberação da bebida nos estádios, cumpre esclarecer à opinião pública que a maioria das ocorrências conduzidas ao Juizado Criminal, nos dias de futebol, guarda direta relação com o consumo de álcool, sendo que está cientificamente provado que a ingestão de bebida alcoólica acentua a impulsividade e a perda dos freios inibitórios.

Os defensores da liberação aduzem que a atual proibição não resolve o problema, visto que há livre consumo de álcool antes dos jogos, ao redor dos estádios. Porém, ao vetar o consumo durante a partida, o atual regramento pelo menos impede que se acentuem os casos de alcoolemia em meio ao jogo. De qualquer modo, a melhor solução não é a liberação, mas sim, o exemplo que vem de Fortaleza (CE), onde a lei proíbe a venda e consumo de álcool não só no interior do estádio, mas inclusive em seu entorno, num raio de cem metros. Outra solução, que tem sido buscada pela Promotoria do Torcedor, junto à Smic, é a intensificação da fiscalização do entorno dos estádios da Capital, para cobrar com rigor o alvará dos bares, bem como zelar pelo cumprimento da lei que proíbe comércio ambulante de bebidas alcoólicas. A sociedade não pode permitir que interesses econômicos se sobreponham ao direito essencial do torcedor à segurança. E para que possamos ter estádios cada vez mais seguros, o álcool definitivamente não pode entrar em campo.



*PROMOTOR DE JUSTIÇA