quinta-feira, 24 de outubro de 2013

MUNDIAL MASTER DE ATLETISMO TEVE RECEPÇÃO REPROVADA

ZERO HORA 24 de outubro de 2013 | N° 17593


EDITORIAL

RECEPÇÃO REPROVADA

O êxito de grandes eventos esportivos mundiais não depende apenas da competência das instituições envolvidas no projeto. O sucesso está também na dependência da capacidade de recepção das cidades e de sua gente. Relatos de participantes do Mundial de Atletismo Master, que reúne cerca de 4 mil atletas de 82 países em Porto Alegre, dão conta de fatos que conspiram contra a reputação da Capital e do Estado e fazem com que se vislumbrem situações constrangedoras mais adiante, quando da Copa do Mundo. A lamentável amostragem de fatos negativos compromete o projeto gaúcho de transmitir hospitalidade aos visitantes no Mundial.

O balanço de deficiências – e, o que é pior, de atitudes condenáveis – apresentado ontem por este jornal exige avaliação urgente das autoridades. O que se tem é um mural que combina desinformação, a esperteza de taxistas e o despreparo da rede comercial. Percebe-se, a partir das manifestações de quem está na Capital para a competição de atletismo, e desconsiderando-se as obras, que Porto Alegre está longe de se considerar pronta para a Copa. A cidade não foi preparada como deveria para o evento em realização, no sentido de sensibilizar seus moradores a serem colaborativos com quem procura se ambientar num local totalmente desconhecido. Este é um aspecto importante, que sedes de eventos semelhantes levaram muito a sério, pois a primeira impressão, para quem chega de fora, deve ser a de que está sendo bem acolhido.

Foram observadas deficiências no número de voluntários que dominam línguas. O material de divulgação era incompleto. E, para completar, espertalhões se aproveitaram dos estrangeiros para aplicar tarifas exorbitantes em corridas de táxi, conforme exemplos relatados. Algumas limitações poderão ser corrigidas até domingo, quando se encerra o Mundial. Outras exigirão intervenção decidida de órgãos públicos e entidades que articulam a organização da Copa, para que resultem em mudança de atitude, especialmente no que se refere a questões éticas.



A NOTÍCIA


ZERO HORA 23/10/2013 | 06h05


ZERO HORA E DIÁRIO GAÚCHO

Mundial de atletismo aponta falhas de Porto Alegre para a Copa de 2014. Corridas de táxi a preços abusivos, poucos intérpretes, informações incompletas e comerciantes que não falam inglês são algumas das reclamações dos participantes da competição



Lucas Guimarães (E) é intérprete e voluntário: faltaram outros como ele, afirmam os atletasFoto: Mateus Bruxel / Agencia RBS


EDUARDO RODRIGUES e PEDRO MOREIRA


No primeiro grande teste para a Copa do Mundo de 2014, Porto Alegre está deixando a desejar. Relatos de atletas, voluntários e coordenadores que participam da competição mostram falhas na preparação da cidade para competições de porte.

O 20º Campeonato Mundial de Atletismo Master, que trouxe mais de 4 mil esportistas de 82 países à Capital, termina no próximo domingo com relatos que misturam boa vontade da população, treinamento de voluntários e episódios lamentáveis de malandragem.

Um caso ilustra como o despreparo não se restringe ao poder público ou aos organizadores: dois atletas japoneses relataram ter pago incríveis R$ 300 por uma corrida de táxi entre o local das provas, no bairro Menino Deus, e o shopping Praia de Belas, a 1,8 quilômetros. Deveria ter custado R$ 10, segundo o Sindicato dos Taxistas (Sintáxi).

– Eles não são taxistas, são oportunistas predadores. É uma covardia inominável com pessoas idosas. Pedimos para funcionários de hotéis orientarem visitantes sobre o preço médio das corridas na cidade. Se não tomarem providência, na Copa vai acontecer igual ou pior – afirmou o presidente do Sintáxi, Luiz Nozari.

A 232 dias para o início da Copa de futebol, não foram tomados cuidados suficientes para reduzir os transtornos de quem vem de fora. Há pouca informação visual sobre o evento na cidade, para alertar moradores, surpresos com a circulação inesperada de estrangeiros. Com pouca gente fluente em inglês em Porto Alegre, a necessidade de voluntários é maior, mas faltou ajuda.

Fluente em inglês, a atleta de heptatlo alemã Tatjana Schilling, 43 anos, lamenta que as pessoas não falem inglês. Além do ruído na tentativa de comunicação, a esportista da Alemanha também se queixou da demora na divulgação dos resultados das provas no Cete e dos diplomas que, em vez de feitos no computador, são preenchidos a mão.

Problemas envolvendo a comunicação entre voluntários e estrangeiros não são exclusividade da competição disputada na capital gaúcha. O Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo aprendeu a lição com as dificuldades enfrentadas na Copa das Confederações.

– Talvez, por apenas 3% das pessoas virem de fora, não tínhamos tantos voluntários falando línguas. Vamos ter mais agora, porque já são 30% os ingressos para quem vem de fora. Estamos trabalhando para que isso seja corrigido _ reconhece o executivo-chefe do COL, Ricardo Trade.

Coordenador do curso de Marketing de Megaeventos Esportivos da ESPM, o professor Fernando Trein acredita que há tempo para corrigir erros até a Copa. Mas é preciso encarar os problemas com foco:

– Tem de pegar tudo aquilo que não deu certo, centralizar em uma pessoa ou um órgão, e analisar item por item de uma forma muito crítica. Se entender que faltou policiamento em determinado lugar, resolve. Tem de fazer essa análise para melhorar nossa nota na Copa do Mundo. Vamos ter um evento de dimensão maior e provavelmente as mesmas questões acontecendo. Tem de pegar relatos da imprensa, dos atletas, de comerciantes, da hotelaria e começar a pontuar um a um.

Responsável pelo evento, o secretário de Esportes e Lazer do Estado, Kalil Sehbe, limitou-se a minimizar os problemas:
– Temos 500 voluntários, e mais de 100 são bilíngues. Acho que está excelente. Não houve nenhuma falha.

Ele promete, porém, uma reunião de avaliação para depois do evento. Para a Copa, o Mundial de Atletismo mostrou que ainda há muito a aprender.


INFORMAÇÕES - Material de divulgação é incompleto

Embora existam folders em profusão com informações sobre a cidade e o Estado, nem sempre em edições bilíngue, algumas publicações pecam no essencial. Trazem belas fotos de pontos turísticos da Capital e do Interior do Rio Grande do Sul, mas não informam o endereço dos lugares e sequer os telefones de contato. É o caso desta publicação em português, inglês e espanhol distribuída para atletas no Cete.

– Eles dizem que o povo é receptivo, mas não entende o que eles falam. Se sentem perdidos e sem informações, querem passear e conhecer lugares, mas não conseguem. Aqui dentro, por exemplo, só tem uma agência de turismo – revelou a voluntária e intérprete Andréia Maranhão, antes de posar para uma foto ao lado de um atleta indiano.


TÁXIS - Uma corrida de R$ 300

A maior decepção, no entanto, ocorreu com os profissionais considerados embaixadores do turismo nas cidades: os taxistas. Voluntários que atuam como intérpretes no Centro Estadual de Treinamento Esportivo (Cete), um dos cinco locais de provas (os outros são a Sogipa, Esef/Ufrgs, Parque Marinha do Brasil e Parque Esportivo da Puc), ouviram depoimentos estarrecedores.

Segundo o maratonista, intérprete e locutor oficial das provas no Cete, Luiz Cláudio Barreto, há casos de atletas que foram literalmente "assaltados" por alguns motoristas.

– Esperei quatro japoneses que se deslocaram do Cete até o Praia de Belas Shopping. Quando desceram, me disseram, apavorados, que o motorista havia cobrado R$ 300 pela corrida (segundo o Sintáxi, a corrida deveria custar menos de R$ 10).

Carioca e dono de um hostel no Rio de Janeiro, Luiz fala inglês, espanhol e um pouco de francês. Está há seis meses na Capital preparando-se para competições no Estado. Além de fazer a narração das provas, ele virou uma espécie de guia dos estrangeiros na cidade.

– Grupos de americanos e ingleses me pedem informações sobre a cidade. Já levei gente em CTG, restaurante, Fundação Iberê Camargo, Mercado Público e até na Arena. Em nenhum desses lugares encontramos pessoas que soubessem falar inglês.

Na Fundação, uma menina que estava visitando o museu com mãe ajudou os atletas.
Dono de um hostel (albergue) no Bairro Floresta, Carlos Augusto Silveira tem recebido uma série de reclamações de hóspedes em relação a taxistas, o que resultaria em cobranças indevidas.

Entre os problemas relatados por gente de Rússia, Ucrânia, Noruega, Alemanha, Austrália e Chile, um é recorrente e difícil de entender: alguns taxistas não sabem onde fica a principal sede da competição.

– As pessoas ficam decepcionadas de pegar os táxis e, na maioria das vezes, eles darem voltas. Quando saem daqui, eu vou até o motorista e explico onde é. Mas muitas vezes o turista pega na rua. Uma camaronesa pagou R$ 70 para ir do Cete à Esef e ainda perdeu o horário de sua prova. Ela chegou ao hostel arrasada.

EPTC manda verificar taxímetro

Indignado com a atitude de alguns taxistas, o diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, determinou que os agentes de trânsito fluentes em inglês passassem a abordar os atletas para saber se não tinham sido lesados. Azuizinhos também falam com taxistas nos locais das provas e em outros pontos da cidade. Nenhum taxista foi punido – segundo Cappellari, por falta de denúncias concretas, com informações como número de prefixo e trajeto.

– Ouvi dizer que esses absurdos aconteceram, mas 99% das reclamações são inócuas porque não há formalização. Os passageiros não têm a cultura de pedir recibo. Assim, não temos como abrir um inquérito para cassar a permissão dos maus profissionais – disse Cappellari.

Ele fez o certo

Ao ouvir a história, contada por um voluntário, de que um taxista teria cobrado R$ 180 para levar atletas alemães da Esef, no Jardim Botânico, ao Cete, o taxista Volnei Oliveira, 63 anos, teve respondida uma curiosidade de vários dias.
– Ah... então é por isso que os azuizinhos estão parando a gente para ver se o taxímetro está ligado – disse Oliveira, que cobrou R$ 18 de um grupo de belgas para fazer o mesmo trajeto.

Ligar o taxímetro, porém, não é garantia de lisura no atendimento de visitantes. De acordo com voluntários, em vez de cobrar o valor em reais, alguns taxistas estariam exigindo pagamento pela cotação do dólar.

COMÉRCIO - Comerciante foi pego de surpresa

Uma queixa recorrente dos visitantes é que comerciantes, prestadores de serviços e moradores não sabem falar inglês. Essa dificuldade foi sentida principalmente em visita a pontos turísticos e em situações corriqueiras, como descobrir o cardápio no restaurante ou tentar comprar remédio na farmácia.

Dono do Bar do Alexandre, na esquina da Gonçalves Dias com a Saldanha Marinho, no Bairro Menino Deus, Alexandre Kohls, 39 anos, teve de montar uma estrutura mínima de atendimento da noite para o dia. Quando viu, além dos clientes rotineiros, o restaurante começou a receber grupos de chineses, alemães, russos, croatas, bósnios e atletas de outras nacionalidades.

Alexandre se vira no espanhol, mas para falar com a nova clientela pediu a ajuda para o amigo e arquiteto Hiran Assis, 56 anos, que fala inglês, e está quebrando o galho de garçom. O bar aumentou o número de cozinheiras e passou a servir almoço até às 17h, saltando de 150 para cerca de 400 pratos - número de refeições servidas no último sábado. O prato feito custa R$ 9.

– Não sabia do evento. Se tivessem me informado com antecedência, teria feito cardápios em línguas diferentes para prestar um melhor atendimento – disse o dono do restaurante, que fica ao lado do Cete.

Hiran diz que a única dificuldade é servir russos e eslovenos que não se expressam muito bem em inglês.

– Encontro uma certa dificuldade, mas as gente sempre se entende _ disse Hiran.
A reportagem consultou funcionários e donos de uma churrascaria, uma padaria e uma farmácia do Menino Deus para saber se tinham funcionários preparados para receber turistas. Dos três locais, somente a churrascaria tem duas pessoas matriculados em cursos de inglês.

VOLUNTÁRIOS 
- Número de voluntários é pequeno

No primeiro dia do evento, um grupo de motoristas dos ônibus que fazem o translado dos atletas dos hotéis para os locais de provas, e vice-versa, pediu demissão. Por não falarem inglês, os condutores não entendiam as perguntas feitas por atletas de delegações estrangeiras e teriam deixado de parar em algumas paradas previstas no roteiro oficial.

– Deu um problema nas rotas e alguns se demitiram – disseram os estudantes de turismo e voluntários Lucas Guimarães, 19 anos, e Daphne Cardoso, 17 anos, teria sido o descumprimento do roteiro previsto.

Após a confusão, intérpretes passaram a acompanhar os atletas no interior dos coletivos. Mesmo com esta determinação, a coordenadora da área de transportes da Central de Operações do Mundial, que preferiu não se identificar, afirma que o número é insuficiente. Segundo ela, deveria haver um intérprete em cada um dos 15 ônibus que fazem as cinco rotas, e pelo menos três em cada um dos cinco locais de provas, totalizando 30 voluntários.

– A gente não tinha voluntários nos ônibus. Agora, eles estão nos ônibus, mas não dentro de todos porque não temos número de voluntários suficientes. Temos de 12 a 14 só – disse a coordenadora.

SEGURANÇA - Casal de mexicanos escapou de assalto

No domingo, Francisca Ramirez, 56 anos, e Luiz Santillan, 68 anos, acompanhados por um gaúcho, caminhavam no Centro da Capital quando foram abordados por assaltantes. Eles foram atacados por dois homens no Largo Glênio Peres, em frente ao Mercado Público, mas os ladrões não conseguiram levar nada.

– Estamos com medo, é muito perigoso. Já quero ir embora – desabafou Luiz, que veio participar da prova de 1,5 mil metros.

Kalil Sehbe, sobre o Mundial de Atletismo Master: "Estamos mais preparados do que eu pensava". Secretário Estadual do Esporte e Lazer dá nota 9 para a organização do evento na Capital


Sehbe destaca como uma das lições da competição o uso de aplicativo de segurançaFoto: Daniela Xu / Agencia RBS


Pedro Moreira


Ressaltando que Porto Alegre é uma das capitais brasileiras que "mais fala inglês", o secretário estadual do Esporte e Lazer, Kalil Sehbe, dá nota 9 para a organização do Mundial de Atletismo Master, que se realiza até o próximo dia 27. Confira trechos da entrevista concedida a Zero Hora.

Zero Hora – Há uma série de relatos apontando problemas de comunicação entre atletas e voluntários. O número de bilíngues é insuficiente, como até membros da organização admitem?
Kalil Sehbe – Isso não está ocorrendo. Temos 500 voluntários, e mais de 100 são bilíngues. Acho que está excelente. Não houve nenhuma falha, era livre a inscrição. Até me surpreendi com a consciência deles. Graças a Deus temos 500 voluntários.

ZH – Uma das principais reclamações é a respeito de taxistas que dão "voltas" a mais com os atletas estrangeiros.
Sehbe – A gente lamenta, não são pessoas sérias. O que temos de fazer é evoluir. Futuramente, todos os táxis terão aplicações que permitirão acompanhar as rotas.

ZH – Há queixas de que alguns taxistas não sabem onde é o Cete.
Sehbe – Não tem que saber onde é o Cete. É só saber onde é a Rua Gonçalves Dias, 628.

ZH – Comerciantes do entorno do Cete dizem ter sido "pegos de surpresa" pelo evento. Houve contato com essas pessoas?
Sehbe – Foi informado a todos que teríamos um megaevento, foi anunciado. O Estado sabe do nosso evento, o Brasil sabe. Há dois anos saí em quase meia página no teu jornal quando fui buscar a bandeira. Temos o Convention & Visitors Bureau e o Sindicato de Bares, Hotéis, Restaurantes e Similares, que são nossos parceiros. Se o sindicato de todas as categorias sabe, ele é o que representa todos.

ZH – Como será feita a análise dos eventuais problemas que ocorrerem durante o Mundial de Atletismo, com vistas à Copa?
Sehbe – Vamos fazer uma reunião de avaliação de todas as questões positivas, que tem muito mais do que problemas a ser melhorados. Depois vamos fazer as avaliações e as melhorias.

ZH – Qual a principal lição aprendida até agora no evento?
Sehbe – Uma das coisas mais legais é esse aplicativo de segurança pública minuto a minuto que acompanhamos tudo que está acontecendo nos cinco locais onde há jogos. A integração entre pronto-atendimentos, hospitais e vigilância sanitária. Tu não escutas um problema de segurança pública, um problema na área de saúde. Isso nos enche de conforto. É só elogios para saúde e segurança pública.

ZH – Mas temos relatos de pessoas que foram assaltadas.
Sehbe – Do meu lado foi gente assaltada em Londres, na Olimpíada. São mínimas as ocorrências. No nosso evento, são detalhes que temos de corrigir. Estive em Olimpíada, em Copa, em Pan-americano. Estamos mais preparados do que eu pensava.

ZH – Qual a sua nota para a organização da competição?
Sehbe – Nove. Porque as pessoas estão felizes. Onde tem felicidade, está sendo atingido o objetivo final de um megaevento.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

CHEGA DA TORCIDAS VIOLENTAS



O ESTADO DE S.PAULO, 18 de outubro de 2013 | 2h 14

OPINIÃO

O Ministério do Esporte resolveu agir para acabar com a violência em estádios e arenas tendo em vista a Copa do Mundo de 2014: anunciou que pretende coordenar os órgãos ligados à segurança pública nos Estados para pôr em prática os dispositivos do Estatuto do Torcedor que ficam apenas no papel, mercê de uma corrente de negligência que paralisa a polícia, o Ministério Público (MP) e a Justiça. Isso tem deixado impunes delinquentes que se fantasiam com camisetas de "torcidas organizadas", barbarizam nas praças esportivas e não são compelidos, como a lei vigente prevê, a se apresentarem em delegacias de polícia nos dias da partida de seu time e até com sua prisão em flagrante.

A autoridade teve boas razões para se indignar. No domingo a Torcida Independente, do São Paulo Futebol Clube, enfrentou com óbvia violência os policiais que faziam a segurança do clássico contra o Corinthians, tentando ultrapassar a área desocupada que a separava dos torcedores rivais com o objetivo de provocá-los e agredi-los. A transmissão do jogo pela televisão permitiu que a cena fosse acompanhada ao vivo e os vândalos pudessem ser identificados com facilidade. Um desses, apesar de sangrar abundantemente, foi descontroladamente para cima dos policiais. Outra cena marcante foi a de um pai tentando proteger o filho das agressões dos membros da Independente e das bordoadas da Polícia Militar (PM).

Esta cena chocante praticamente repetiu outra, registrada em 25 de agosto no intervalo da partida pelo campeonato brasileiro entre Corinthians e Vasco na arena Mané Garrincha, em Brasília, onde serão disputados jogos pela Copa no ano que vem. Além da tentativa do pai de proteger o filho, outro fato relevante naquele jogo foi a presença entre os brigões de Leandro Silva de Oliveira, um dos corintianos da torcida organizada Gaviões da Fiel que ficaram cinco meses e meio presos em Oruro, na Bolívia, acusados de terem disparado um sinalizador que matou o adolescente boliviano Kevin Espada na torcida do San José, adversário dos corintianos na Libertadores da América. Solto por falta de provas em 2 de agosto, 23 dias depois ele se envolveu em nova confusão e, apesar de reincidente, não foi preso em Brasília.

Da mesma forma, ninguém foi preso depois dos dois incidentes de domingo em São Paulo. Nem no estádio nem na Marginal do Pinheiros à saída do jogo quando as torcidas rivais voltaram a se confrontar. Apenas um menor briguento foi apreendido e solto na manhã seguinte. Na mesma tarde, torcedores do Cruzeiro brigaram entre si no jogo contra o Atlético Mineiro na arena Independência, em Belo Horizonte. Ninguém, mais uma vez, foi responsabilizado, embora o Estatuto do Torcedor esteja vigente e tenha sido revisto em 2010. Para nada!

"O que está faltando é vontade de cumprir a lei. É uma vergonha que, na véspera da Copa do Mundo, tenhamos de ficar preocupados com estes vândalos", reclamou o diretor do Departamento de Defesa dos Direitos do Torcedor do Ministério do Esporte, Antônio Nascimento. A começar por São Paulo, ele pretende visitar os Estados em que têm sido registrados episódios de violência para convencer a polícia a prender os delinquentes, o Ministério Público e os promotores a oferecerem denúncia contra eles e o Judiciário a aplicar a lei.

A tentativa do Ministério do Esporte de fomentar a discussão para pôr fim à impunidade em estádios e arenas parece acaciana. Mas é hora de dar um basta a esta situação em que a polícia não prende porque se recusa a "enxugar gelo", os promotores não denunciam por falta de provas e a Justiça não pune porque ninguém é processado.

O MP paulista pedirá a extinção da Independente e da Gaviões da Fiel. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva denunciará o São Paulo, o Cruzeiro e o Atlético por causa das ocorrências de domingo. E em boa hora se debaterá o projeto de cadastrar torcedores e implantar um sistema para impedir que banidos por violência entrem em estádios.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

BRIGA ENTRE HOOLIGANS DO SP E POLICIAIS NO MORUMBI


Confusão entre são-paulinos e policiais termina em briga no Morumbi. Polícia ainda tentará identificar outros torcedores que participaram da confusão durante o intervalo

13 de outubro de 2013 | 20h 44

Ciro Campos e Fernando Faro - O Estado de S. Paulo



SÃO PAULO - Uma confusão entre torcedores do São Paulo com policiais militares terminou em briga generalizada e, a julgar pela atuação do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) em casos semelhantes, o clube deve perder alguns mandos de campo na reta final do Campeonato Brasileiro. Um menor de idade foi apreendido e dois policiais militares ficaram feridos. A confusão teve início no fim do primeiro tempo, quando duas bombas explodiram próximas à barreira que separava as torcidas rivais. A PM interveio para apartar a tentativa de membros das organizadas do São Paulo de se aproximarem dos alvinegros.

"A princípio foi um artefato explosivo que foi arremessado pela torcida do São Paulo contra o policiamento. Estamos apurando as imagens", afirmou o tenente Camargo, responsável pelo policiamento. Em minoria, os militares reagiram com bombas de efeito moral e cassetetes. No restante do jogo, o efetivo de segurança foi reforçado no setor e nenhum outro incidente foi registrado.

Apesar do tumulto generalizado, apenas um torcedor menor de idade foi levado à delegacia do Juizado Especial Criminal (Jecrim) do estádio. Os demais participantes, inclusive os feridos, deixaram o estádio sem prestar depoimento.

Segundo a delegada Margarete Barreto, o são-paulino responderá pelo incidente na Vara de Infância e Juventude e a polícia vai tentar identificar os outros envolvidos. “Já temos algumas pessoas identificadas pelas imagens e elas vão responder pelo crime de formação de quadrilha ou por provocação de tumulto pelo Estatuto do Torcedor”, explicou a delegada.

HOOLIGANS FAZEM CONFUSÃO E PREJUDICAM SÃO PAULO E CRUZEIRO

Confusão ocorreu na tarde deste domingo - José Patricio/Estadão

Por confusão no Morumbi, São Paulo pode ser autuado pelo STJD. Equipe paulista deve ser enquadrada no mesmo Artigo que o Cruzeiro, também por briga no jogo contra o Atlético-MG

14 de outubro de 2013 | 11h 56

Vanderson Pimentel e Raphael Ramos - O Estado de S. Paulo


SÃO PAULO - A confusão da torcida organizada do São Paulo com a Polícia Militar pode render muita dor de cabeça à equipe do Morumbi. Lutando para sair de perto da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, o Tricolor pode ter que mandar seus jogos em casa para outro lugar. Após o registro da briga, feitas pelas câmeras de TV, o procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo Schmitt, deve denunciar o clube ainda nesta semana. "As imagens vão ser avaliadas, mas o São Paulo pode ser autuado no Artigo 213", disse o procurador.

Caso seja punido, o São Paulo pode receber uma multa de R$ 100 a R$ 100 mil. Além de doer no bolso, o clube também pode perder o mando do estádio do Morumbi por 1 a 10 jogos. Adversário no empate em 0 a 0 deste domingo, o Corinthians está cumprindo suspensão pelo mesmo motivo. No estádio Mané Garrincha, torcedores da equipe alvinegra brigaram com vascaínos e ambas as equipes foram condenadas a mandar quatro jogos em seus dominios para outras cidades.

Ainda na fase de análises, o Corinthians também pode ser punido. Todas as imagens sobre a briga serão vistas e se caso houver participação de torcedores alvinegros, o time também pode responder. "Vamos analisar as imagens e se caso for comprovado que os corintianos também participaram, o clube pode ser penalizado", afirma. Como ainda não foi vista a participação da torcida visitante na briga, não há, por enquanto, um Artigo dentro do STJD onde possa se encaixar uma punição à equipe de Parque São Jorge.

Punido pelo STJD também na Copa do Brasil, devido a sinalizadores acesos no jogo de ida contra o Luverdense, a diretoria do Corinthians mostra irritação com o órgão. Durante a partida, o presidente do clube, Mário Gobbi alfinetou o procurador-geral, dizendo que o "Schmittizinho precisa trabalhar, não só contra o Corinthians", perguntando se ele seria "homem" para julgar o que aconteceu nas arquibancadas do Morumbi". Após críticas realizadas tambem através da imprensa, inclusive falando que "falta hombridade" do presidente para assumir culpa dos torcedores corintianos na morte do garoto Kevin Espada, Schmitt não pretende levar as declarações à justiça. "Esse caso já encerrou. O que eu tinha que falar já falei", finaliza.

CRUZEIRO E ATLÉTICO-MG SERÃO AUTUADOS

Não foi apenas no clássico Majestoso que teve confusão. No estádio Independência, a torcida do Cruzeiro brigou entre si e provocou grande alvoroço na derrota da equipe celeste para o Atlético-MG, por 1 a 0. Além da confusão entre os próprios cruzeirenses, os torcedores jogaram bombas na torcida rival. Por conta dos atos, o líder do Campeonato Brasileiro deve ser autuado no mesmo Artigo dos são paulinos. Mas além do Cruzeiro, o Atlético também pode arcar com as consequências. "O mandante do jogo sempre é denunciado nesses casos. Portanto, o Atlético-MG tambem será avaliado pela comissão", afirma Schmitt.

domingo, 13 de outubro de 2013

TOLERÂNCIA ZERO COM VIOLÊNCIA EM PROTESTOS NA COPA


Chefe da Secretaria de Segurança para Grandes Eventos diz que atos são legítimos, com respeito à democracia

ANDRÉ DE SOUZA
O GLOBO
Atualizado:12/10/13 - 21h16


O Secretário Extraordinário de Segurança para Grandes Eventos, Delegado Federal Andrei Augusto Passos Rodrigues O Globo / Jorge William


BRASÍLIA - As manifestações que tomaram conta das ruas do país em junho deste ano são legítimas e democráticas, mas atos de violência que atrapalhem a realização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 não serão tolerados. O recado é do delegado da Polícia Federal (PF) Andrei Augusto Passos Rodrigues, que desde agosto é o titular da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, ligada ao Ministério da Justiça. A secretaria está encarregada da coordenação das medidas de segurança dos grandes eventos e tem um orçamento bilionário para isso. A estimativa é que só o governo federal gaste R$ 1,17 bilhão com a segurança dos torneios da Fifa, e R$ 1,16 bilhão com os Jogos Olímpicos de 2016.

— O protesto é legítimo, democrático. E a obrigação das forças de segurança é garantir que esse reflexo da democracia seja exercido em sua plenitude, que isso ocorra da forma mais tranquila possível. O que não podemos aceitar são atos de vandalismo, violência contra patrimônio público e privado, ou que venham a interferir na realização dos eventos. Então nosso grande trabalho é de garantia das manifestações, e fazer com que os jogos ocorram sem interferência de atos de violência ou vandalismo — afirma Andrei Augusto.

Um dos desafios da secretaria é conseguir coordenar os trabalhos das forças de segurança nacionais, estaduais e municipais. A Copa do Mundo terá 12 cidades-sede, o que significa ter que dialogar com os governos dos estados e municípios onde os jogos vão ser disputados. Este ano, durante a Copa das Confederações, atuaram 54 mil integrantes das forças de segurança, entre PMs, policiais civis, bombeiros, agentes de trânsito e outros. Na Copa do Mundo, esse número deve dobrar e passar de 100 mil

Atos não devem ser encarados como principal prioridade

O delegado ainda não chefiava a secretaria quando o Brasil viu milhões de pessoas irem às ruas em junho, na mesma época em que o país sediava a Copa das Confederações. Embora as manifestações ocorridas na época tenham dado trabalho à polícia, o secretário evita apontar os atos de rua como a maior preocupação para a segurança dos próximos grandes eventos.

— É difícil termos um foco específico, ‘olha, agora vamos cuidar dessa ação’. Por que com isso podemos estar desguarnecendo outro ponto. A gente tem ações de capacitação para todas as áreas com os entes federados.

Para a segurança dos grandes eventos, há dois centros integrados de comando e controle (CICCs): um em Brasília e outro no Rio de Janeiro. Além disso, há 12 centros regionais, um para cada cidade-sede da Copa do Mundo, e centros locais dentro dos estádios. Nesses centros — alguns deles já operando — há representantes das várias forças de segurança nacionais e locais.

Um dos maiores contratos da Secretaria, no valor de R$ 243 milhões, é para a implantação da chamada solução integradora. Segundo Andrei, ela vai permitir o pleno acesso ao sistema por todos os CICCs e deverá estar funcionando totalmente em abril do ano que vem, a tempo para a Copa do Mundo. O dinheiro será usado para investimentos em equipamentos, softwares e sistemas de comunicação.

Andrei Augusto substituiu no posto o também delegado Valdinho Jacinto Caetano, que pediu demissão depois de se desentender com o general José Carlos De Nardi, coordenador de Defesa dos grandes eventos. Apesar dos atritos do antecessor com o general, o atual secretário afirma que as relações com os militares são boas. E lembra que o trabalho com a Força também amplia a integração.

— O grande legado não será só equipamentos, de sistemas, de bens materiais. Mas a integração entre as forças, a maneira de agir conjuntamente, e a capacitação da nossa maior riqueza, que é o policial, nosso material humano.

A MÁQUINA DA SEGURANÇA NA COPA

ZERO HORA 13 de outubro de 2013 | N° 17582

A MÁQUINA DA SEGURANÇA. Como funciona o cérebro da Copa

ADRIANA IRION | BRASÍLIA

Dentro do Centro Integrado de Comando e Controle Nacional, um paredão de monitores impressiona o visitante. Dali, é possível acompanhar, simultaneamente, pelo menos 56 imagens, que podem ser originadas de diversas regiões do país ou todas associadas a apenas um estádio de futebol, por exemplo. É nesse centro, localizado em Brasília, que funciona a cúpula da segurança da Copa do Mundo. ZH visitou o local, conheceu seus principais equipamentos e conversou com o delegado federal responsável pela coordenação do trabalho, Andrei Augusto Passos Rodrigues.

Océrebro e o coração da segurança da Copa do Mundo no Brasil estão abrigados em um prédio do Ministério da Justiça, localizado no setor policial de Brasília.

De lá será possível analisar, de forma simultânea, no ápice do evento, até 56 pontos do país para zelar pela segurança de delegações, seleções, turistas. Por trás da tecnologia de última geração, pulsa o desafio que a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge), do Ministério da Justiça, tem de integrar e coordenar forças diversas em prol de uma meta, a de registrar o Brasil na história do esporte mundial como referência em segurança.

A missão, sustentada por um orçamento de R$ 1,2 bilhão, está nas mãos do delegado da Polícia Federal (PF) Andrei Augusto Passos Rodrigues, nomeado titular da secretaria em agosto. A longa lista de riscos intrínsecos a esse tipo de evento – como ações terroristas, ataques cibernéticos, assaltos, protestos com vandalismo e agressões – não é o que mais sobressalta o secretário.

O maior desafio é que a engrenagem da integração entre todas as instituições envolvidas no plano de segurança se encaixe para funcionar naturalmente (leia entrevista nas páginas 6 e 7). A expectativa é de que em torno de 100 mil servidores estejam aptos a trabalhar nas 12 cidades-sede dos jogos, que se iniciam em 12 de junho de 2014.

Zero Hora conheceu o quartel-general da segurança da Copa do Mundo, inspirado no que existe em outros 12 países. Por três horas, esteve no Centro Integrado de Comando e Controle Nacional (CICCN), um órgão estratégico, responsável por monitorar e abastecer de informações os 12 centros regionais já instalados ou sendo construídos no país. O órgão nacional reúne o alto escalão. É só dele que podem partir as decisões de governo, do Ministério da Justiça, sobre qualquer situação crítica de segurança.

Uma parede de olhos

Na sala de gestão de crise, há assentos para ministros e linha direta com a presidente Dilma Rousseff. Entre os membros da secretaria, porém, a torcida é para que o espaço fique sem uso. Que sirva apenas para reuniões ordinárias, sem casos de extrema gravidade a serem tratados.

Um andar abaixo, está o salão que abriga o video wall de 17 metros de comprimento e seis de altura. O equipamento é composto por 56 módulos (telas) e, portanto, pode manter em análise, com boa qualidade de visão, 56 imagens simultâneas de regiões diversas.

Ou, ao contrário, ampliar ao máximo uma única cena para análise dos operadores. Os módulos podem ainda ser divididos em imagens menores, elevando a quantidade de situações sob observação dos representantes de, pelo menos, 15 forças de segurança e de outras áreas que já ocupam posições dentro do comando nacional.

Além de polícias, bombeiros e agentes de trânsito, o cérebro da segurança da Copa também é integrado, por exemplo, por órgãos como a Agência Nacional de Aviação, a Infraero e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. E ainda chegarão os reforços internacionais, já que a secretaria mantém cooperação para troca de informações com representantes dos países que estarão no Mundial – serão 32 seleções na competição.

Engana-se quem imaginar que o video wall é somente um grande telão de imagens. Perito criminal da PF e coordenador-geral de tecnologia da informação e comunicação da secretaria, Daniel Russo detalha o potencial do equipamento:

– Temos softwares com mapas de planejamento, de gestão de eventos – composto, por exemplo, pela agenda de uma delegação, com dados de percurso e horário e de quem deve estar atuando naquela ação –, e mapas situacionais, que mostram as posições dos policiais, onde há barreiras, onde temos ambulâncias, hospitais, disponibilidade de leitos.

O centro nacional foi inaugurado por Dilma em junho de 2013 e operou com outros seis centros regionais, durante a Copa das Confederações. De lá, foram acompanhadas as manifestações que incendiaram o país durante o torneio. Será de lá que, em 242 dias, autoridades esperam começar a assistir ao sucesso, no Brasil, da maior competição de futebol do mundo. Sem vítimas. E sem arranhões à imagem do país.


CARTA DA EDITORA | MARTA GLEICH

O big brother da Copa



Ao virar a próxima página, você encontrará uma reportagem que mergulha na central de segurança da Copa do Mundo no Brasil, em Brasília.

Durante três horas da última quarta-feira, a repórter Adriana Irion e o fotógrafo Carlos Macedo registraram cada detalhe do cérebro e do coração da Copa, em um prédio do Ministério da Justiça. É de lá que é feita a coordenação do plano construído para que o evento se realize sem arranhões à imagem do Brasil.

A partir dali, será organizada a segurança de delegações, seleções e turistas nas cidades-sede da Copa, com tecnologia de última geração, em um projeto orçado em R$ 1,2 bilhão.

O curioso desta reportagem é como Adriana a conseguiu. Estudantes de Comunicação desde muito cedo aprendem na faculdade: um dos segredos do bom jornalista é cultivar fontes. Isso pressupõe ter uma boa agenda, manter contatos – muitas vezes sem que isso resulte numa reportagem imediatamente –, especializar-se num assunto, saber quem é quem no primeiro, no segundo e terceiro escalões, estabelecer uma relação de confiança com a fonte ao longo dos anos, entre muitas outras regras.

Adriana conheceu o delegado federal Andrei Augusto Passos Rodrigues, gaúcho de Pelotas, principal entrevistado desta reportagem, em 2007, quando ela recém ingressava na editoria de Política e ele comandava a investigação que devassou a Assembleia Legislativa, conhecida como fraude dos selos. Depois de ter atuado em Brasília, comandado a segurança da então candidata Dilma Rousseff e trabalhado por dois anos na Espanha, Andrei foi nomeado há dois meses secretário extraordinário de segurança para grandes eventos.

Foi por meio da relação de confiança nutrida nesses seis anos que Adriana negociou nas últimas semanas com Andrei não só um mero registro das instalações, mas a mais completa reportagem já feita sobre o QG da segurança do Mundial sob a gestão do novo secretário.

Vire a página e conheça, portanto, como vai funcionar o Centro Integrado de Comando e Controle Nacional, o big brother da Copa, graças ao bom cultivo de fontes da repórter Adriana Irion.


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

NO FUTSAL, BRUTALIDADE CAUSA TRAUMATISMO CRANIANO EM JOVEM


ZERO HORA 04 de outubro de 2013 | N° 17573

BRUTALIDADE

Jovem sofre traumatismo após briga no futsal



Um campeonato organizado com objetivo de integrar acadêmicos acabou em agressão em Erechim, no norte do Estado. Um dos alunos que participava dos jogos de futsal foi agredido durante uma partida e sofreu traumatismo cranioencefálico.

Os jogos foram organizados pelo Diretório Central de Estudantes da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) de Erechim. Durante a partida, um estudante de Agronomia, de 19 anos, foi agredido por outros acadêmicos. Ele teria recebido chutes na cabeça mesmo depois de ter caído.

O jovem foi socorrido e encaminhado à Fundação Hospitalar Santa Terezinha, onde segue internado. De acordo com o neurologista Celso David Lago, o estudante sofreu lesões do lado direito da cabeça, que prejudicaram os nervos responsáveis pelo movimento dos olhos e da boca. A universidade e o hospital não divulgaram o nome do estudante agredido. Em nota, a instituição de ensino informou que suspendeu o campeonato e instaurou um inquérito administrativo para tratar do caso.


G1 03/10/2013 11h18

Jovem agredido em jogo de futsal no RS teve traumatismo craniano. Aluno perdeu movimentos de olho e de lado do rosto e rompeu o tímpano. Briga ocorreu durante jogos Acadêmicos na URI, em Erechim.

Do G1 RS




O jovem agredido durante uma partida de futsal em uma competição organizada pelo Diretório Central de Estudantes da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) em Erechim, na Região Norte do Rio Grande do Sul, teve traumatismo craniano com danos neurológicos, segundo aponta o laudo médico emitido na manhã desta quinta-feira (3) pelo Hospital Municipal Santa Teresinha. De acordo com o neurologista Celso Lago, que acompanha o caso, o estado de saúde dele inspira cuidados. Não há previsão de alta.

O estudante de 19 anos teve perdas dos movimentos do olho e do lado direito do rosto. Ele rompeu o tímpano e está com vazamento de líquido em um dos ouvidos. O jovem passou por novos exames e está em um quarto sem poder receber visitas.

Jovem foi agredido por estudante em uma partida
de futsal em Erechim (Foto: Reprodução/RBS TV)

Imagens mostram que, após uma cobrança de falta, dois jogadores chutaram o estudante, que levou golpes até caído no chão, como mostra a reportagem do Bom Dia Rio Grande (veja o vídeo). A agressão partiu de dois jogadores do time adversário do jovem que cursa Agronomia. Dezenas de colegas presenciaram o fato. O jogo fazia parte de um evento organizado para a integração dos alunos da URI em Erechim.

"O importante seria participar. Todo mundo foi com esta intenção, mas acabou ocorrendo isso. A gente não gostou", lamentou Maria Eduarda Lottici, estudante de Direito. "Era um jogo e acabou virando uma luta. O mínimo que esperamos é que a Universidade tome providências", disse Vanessa Dembisnki, estudante de Fisioterapia.

Além de prestar assistência à vítima, a URI de Erechim informou que apura o fato.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

BM NOS ESTÁDIOS

ZERO HORA 03 de outubro de 2013 | N° 17572


BM nos estádios R$ 200 mil mensais é o valor a ser pago pela dupla Gre-Nal


A dupla Gre-Nal já sabe quanto gastará para seguir com os brigadianos dentro dos estádios em dias de jogos. O cálculo, feito por técnicos da Secretaria de Segurança Pública, revela que cada um dos clubes pagaria R$ 100 mil mensais.

A sugestão é que o valor seja repassado à Federação Gaúcha de Futebol (FGF), a quem caberia repassá-lo à Brigada Militar.

– Nossa posição é definitiva. Queremos ressarcimento mesmo, não equipamentos, como ocorrido em outras épocas – informa Marcelo Danéris, secretário executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, órgão designado pelo governo estadual para debater com os clubes gaúchos.

Para Danéris, R$ 100 mil por mês é um custo que não abala as finanças da Dupla. Por ano, é de R$ 8 milhões o valor para que os brigadianos trabalhem nos estádios gaúchos, conforme cálculo da Secretaria de Segurança.

– Todos os eventos contam com policiamento pago. Só o futebol que não. Em outros Estados, os clubes pagam – diz o secretário executivo do Conselhão.

O tema voltará a ser discutido neste mês entre a Segurança Pública e os clubes. Caso não se chegue a um acordo para o pagamento, será estabelecido, a partir de 2014, um calendário para retirada gradual da Brigada Militar dos estádios no Estado.

– Será uma transição planejada, para que seja preservada a segurança dos torcedores – destaca Danéris.

Por enquanto, Grêmio e Inter reagem à cobrança. Alegam que o Estado quer usar o futebol para resolver suas dificuldades de caixa.

LUÍS HENRIQUE BENFICA