sexta-feira, 31 de agosto de 2012

GANGUE INVADE BEIRA RIO E PROTESTA AGREDINDO JORNALISTAS

ZERO HORA ONLINE, 31/08/2012 | 16h25

Torcedores invadem Beira-Rio, pedem garra ao time e protestam contra Luigi. Grupo de 60 colorados fez protesto antes do início do treino do Inter e agrediu jornalistas



Torcedores colorados pediram mais garra ao timeFoto: Wesley Santos, Pressdigital
André Baibich

O clima de crise no Beira-Rio segue intenso. Depois de uma quinta-feira marcada pela discussão de Kleber com um torcedor, no desembarque da delegação no Aeroporto Salgado Filho, um grupo de cerca de 60 colorados entrou no estádio em obras para protestar.

O Inter transferiu o treino da tarde desta sexta-feira para o gramado principal do Beira-Rio, saindo do CT Parque Gigante, onde vinha sediando os trabalhos. A princípio, o treino era fechado para a torcida, mas os colorados conseguiram entrar na área restrita por trás da capela Nossa Senhora das Vitórias, no pátio externo do Beira-Rio.

Entoando cânticos de protesto contra o presidente Giovanni Luigi e pedindo que a equipe seja "mais guerreira", os torcedores soltavam rojões e encaminhavam-se para uma das entradas que dá acesso às obras, no anel inferior do estádio.


Foto: Wesley Santos, AE

Por fim, os torcedores conseguiram entrar no que antes era o portão 8, tradicional por receber protestos nos piores momentos do Inter no passado. Chegaram o mais próximo do gramado que puderam e ficaram, em meio aos escombros das obras, cantando por cerca de dois minutos, até a chegada da segurança do Inter.

Durante o protesto, apenas a comissão técnica estava no gramado do Beira-Rio. Por causa dos tapumes da obra, não chegaram a ver os torcedores e parecem não ter se abalado com os gritos.

Ao perceber a presença de repórteres registrando o momento, um dos torcedores gritou "imprensa não". O repórter do Globoesporte.com Tomás Hammes foi agredido com dois socos, um no peito e outro no braço direito. Com a chegada da segurança do clube, os torcedores saíram da área restrita do estádio.

Depois de sair do Beira-Rio, os torcedores ainda dirigiram-se ao CT Parque Gigante, onde os jogadores estavam, preparando-se para rumar ao Beira-Rio e iniciar o treino. A Brigada Militar foi chamada e dispersou o grupo, permitindo o deslocamento dos atletas, que entraram no gramado do estádio às 16h40min, uma hora e dez minutos depois do horário programado para o trabalho.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Para terminar com a violência no futebol é preciso rigor e o rigor começa na identificação dos torcedores, passa pela indenização das vítimas e do clube, e se encerra num julgamento na justiça onde pode ser determinada uma condenação mínima de 10 anos sem poder ir a estadio assistir o jogo do Inter. Enquanto passarem a mão por cima dos pequenos crimes, a dificuldades para evitar os grandes serão bem maiores.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

BRIGÕES TÊM HABEAS INDEFERIDOS

Justiça indefere sete pedidos de habeas corpus em favor de torcedores brigões . Juíz diz que prendeu 22 por roubo e que delegada incluiu outros três crimes


Gustavo Goulart
O GLOBO 27/08/12 - 19h19





RIO - A Justiça indeferiu sete pedidos de habeas corpus em favor dos integrantes da torcida organizada Young Flu acusados de espancar e assaltar dois torcedores do Vasco da Gama na estação ferroviária do Engenho de Dentro, no último sábado. Os pedidos foram feitos no domingo, durante o plantão judiciário. No fim da tarde desta segunda-feira outros quatro pedidos foram impetrados. Eles serão avaliados pelo juízo da 33ª Vara Criminal da capital. Os 21 torcedores do Fluminense presos no sábado foram transferidos de Bangu 2 para Cadeia Pública Bandeira Stampa, em Gericinó, segundo informou a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap).

Nesta segunda-feira, o juiz Marcello Rubioli, da 1ª Turma Recursal do Tribunal de Justiça, disse que a decisão de prender os 22 torcedores da Young Flu pode ser interpretada como exemplar, mas baseada na lei. Ele explicou que mandou prender os agressores por roubo, o que foge à alçada do Juizado Especial Criminal (Jecrim), no qual deu plantão no sábado passado, dia da violência.

— As vítimas foram agredidas pelos 22 torcedores e vários pertences foram roubados por três deles. Os três foram presos em flagrante pelo crime de roubo simples e os demais pelo artigo 157, também roubo, mas pela co-autoria e participação. Todos eles foram identificados pelas vítimas, inclusive indicados por elas. As vítimas ficaram bastante machucadas. A agressão durou o tempo de uma viagem entre duas estações, partindo da Pavuna — contou. — A medida tomada pelo Jecrim é comum. Talvez essa tenha ganhado muito destaque pela quantidade de presos ou até mesmo pela morte do torcedor do Vasco na semana passada (quando a vítima foi morta por torcedores do Flamengo).

O magistrado disse ainda que há 6 anos o Jecrim vem agindo com rigor e que para reprimir a onda de violência nos estádios é necessário aplicar o Estatuto do Torcedor.

— O que é importante ser dito é que diante dessa crescente violência nos estádios no Rio, o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Polícia Civil e a Polícia Militar, que estão de frente para garantir a segurança, estão agindo, estão reprimindo e essas prisões são o retrato dessa atuação unificada do estado com o objetivo de que os estádios de futebol voltem a ser palco para as famílias, para poderem levar seus filhos, para poderem se divertir. E garantir o que diz o Estatuto do Torcedor, que o espetáculo esportivo é um local de segurança, onde o consumidor pode se divertir, é um local de lazer.

Combinação de brigas pelo telefone

Mais cedo, o comandante do Grupamento Especial de Atendimento em Estádios (Gepe), tenente-coronel João Fiorentini, afirmou, nesta segunda-feira, que muitos líderes de torcidas organizadas rivais remarcam, por telefone, os embates agendados pelas redes sociais ao serem descobertos pela polícia. O tenente-coronel disse que vai sugerir aos clubes de futebol que cortem os ingresssos e os benefícios de torcidas organizadas que se envolverem em brigas e agressões aos grupos rivais.

Após a confusão envolvendo a torcida organizada Young Flu, a chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, entrou com uma representação no Ministério Público pedindo a proibição da torcida nos estádios, a exemplo do que já aconteceu com a Torcida Jovem Fla, na semana passada. A delegada anunciou ainda que, a partir desta segunda-feira, todos os casos envolvendo briga de torcidas e crimes praticados por torcedores de futebol serão tratados por um núcleo formado por seis delegacias da Polícia Civil.

Marta Rocha garantiu ainda que o núcleo vai ter ampla atuação, cuidando não só de torcedores, mas atuando também em grandes eventos. Marta anunciou ainda que a partir de agora qualquer homicídio que ocorrer dentro de estádios, com suspeita de envolvimento de torcidas organizadas, será investigado também pela Divisão de Homicídios. Até então, a DH tinha só atuava na cidade do Rio.

— Estou recomendando aos delegados que a partir de agora qualquer fato envolvendo torcida organizada seja tratado com rigor. Não somos contra a torcida, mas não podemos tolerar a prática de ações criminosas — disse Marta Rocha.